Elon Musk, fundador da Tesla, SpaceX, The Boring Company e Neuralink, tinha colocado em cima da mesa uma oferta de compra da rede de microblogging Twitter por 44 mil milhões de dólares. A oferta foi aceite pela empresa, mas Musk acabou por recuar, alegando que o número de contas de bots na plataforma era superior ao estimado. Na sequência da desistência, a Twitter levou o executivo a tribunal para o forçar a cumprir o acordado, com as sessões a ficarem marcadas para o mês de outubro. No entanto, há dois dias, Musk realizou um volte-face e acabou por anunciar que iria cumprir o plano original e avançar mesmo com a compra pelos valores inicialmente falados.
Há alguns meses, Musk vendeu 15 mil milhões de dólares de ações da Tesla para conseguir o investimento necessário para a compra do Twitter. Agora, os investidores da empresa fabricante de automóveis receiam que a conclusão da compra traga mais complicações e receiam o desfecho do negócio. “Vemos impactos das vendas de ações de Musk, à medida que a névoa se dissipa, mas a grande preocupação é de que Musk esteja ocupado a manter demasiadas bolas no ar. Vemos um efeito benéfico mínimo para os investidores da Tesla no facto de Musk deter a Twitter”, explica Dan Ives, analista da Wedbush à Reuters.
Pelo menos três outros analistas reviram os preços das ações do Twitter em alta, de forma a ficarem ao nível da oferta proposta por Elon Musk. Alguns especialistas anteveem que o executivo tenha de vender ainda mais ações da Tesla, possivelmente até antes da divulgação de dados financeiros trimestrais que está marcada para 19 de outubro.
Musk fez afirmações audaciosas no sentido de querer restaurar a liberdade de expressão no Twitter, demonstrando a intenção de “corrigir” a plataforma. No entanto, a tarefa já se adivinhava difícil em tempos normais, mas com o “fardo acrescido de cumprir este desafio num cenário de deterioração e incerteza macroeconómica” o objetivo torna-se ainda mais difícil de atingir, vaticina Barton Crockett, da Rosenblatt Securities.