A nota de despedida do Lincoln College, que encerra atividade esta sexta-feira após 157 anos de existência, refere que a instituição sobreviveu a duas Guerras Mundiais, à Gripe Espanhola e à Grande Depressão, mas que não conseguiu suportar os efeitos de uma pandemia mundial e de um ataque de ransomware do qual foi vítima em dezembro de 2021. A universidade é classificada pelo Departamento de Educação dos EUA como uma das poucas que ficam em meio rural e cuja comunidade escolar é maioritariamente negra. O Lincoln College torna-se assim na primeira organização de ensino americana a encerrar operações devido, em parte, a um ataque de ransomware.
O comunicado da universidade, citado pela NBC News, refere que “todos os sistemas necessários para recrutamento, retenção e angariação de fundos estiveram inoperacionais. Felizmente, nenhuma informação pessoal identificável foi exposta. Depois de completamente restabelecidos em março de 2022, as projeções mostraram uma quebra acentuada de matrículas, exigindo uma doação avultada ou parceria para suportar o Lincoln College para lá deste semestre”.
Kim Milford, de um grupo não governamental que ajuda as instituições de ensino a partilhar informações sobre ciberameaças, refere que “queria que houvesse alguma forma de ajudar, mas pode ser bastante dispendioso depois de terem sido alvo de ransomware”.
Um porta-voz do Lincoln College não quis adiantar quanto é que custaria recuperar do ataque ou quaisquer outros detalhes sobre o ransomware, ou disponibilizar contactos de outros responsáveis escolares para prestar mais esclarecimentos. Sabe-se que, em Baltimore, o sistema escolar público foi alvo de um ataque destes e que foram necessários dez milhões de dólares para a recuperação dos sistemas.
O encerramento foi anunciado a 29 de março, mas só agora começou efetivamente a ter efeito, com os estudantes a manifestarem surpresa e a explicarem as dificuldades que vão enfrentar agora: “O facto de só nos terem avisado com menos de um mês antes do encerramento, torna isto tudo muito difícil. Só tenho até 13 de maio, por isso podem imaginar quão stressada estou”, conta Michelle Londono, que ganhou uma bolsa de desporto da universidade e que precisa de se matricular noutro local agora para prolongar o seu visto de residência.
Dados da Emsisoft mostram que pelo menos 14 universidades dos EUA sofreram ataques de ransomware em 2022, mas sabe-se que esta informação pode estar incompleta, uma vez que nem todas as vítimas anunciam publicamente terem sido visadas. No caso do Lincoln College, o ataque não parece ter tido motivações raciais, com a instituição a ter sido escolhida por apresentar vulnerabilidades de cibersegurança.