Eduardo Dias teve de trabalhar com afinco até poder resolver um dilema: como encontrar forma de acompanhar uma partida do Sporting, que é o clube do coração, quando joga à mesma hora da Juventus, que é o clube do atleta favorito que dá pelo nome de Cristiano Ronaldo? No passado fim-de-semana esse dilema deixou de ser problema: apesar de o Sporting ter perdido com o Rio Ave, Eduardo Dias sempre teve a consolação de receber as notificações relativas aos golos e principais momentos do craque CR7. Para isso, bastou-lhe ser subscritor da Sport TV e usar a versão digital dos canais desportivos num tablet, num computador ou num smartphone. «O serviço é personalizável. Também é possível disponibilizar o mesmo tipo de funcionalidades para alguém que é adepto do Benfica e quer seguir o Barcelona», lembra com um sorriso. Por que é que Eduardo Dias está tão animado a falar das novas funcionalidades da versão digital da Sport TV? Porque lidera a empresa que criou esta solução para o canal de TV – a Viva Superstars.
O escolha do Sporting há de remeter para os primeiros anos da infância, mas o primeiro contacto com Cristiano Ronaldo remonta à década passada, quando Eduardo Dias ainda trabalhava na Ydreams e no desenvolvimento de Cristiano Ronaldo Underworld Football. Foi o primeiro projeto que mostrou que havia um grande filão digital por desbravar junto das maiores estrelas do desporto, da música, do cinema ou variedades e que o empreendedor, que é também professor universitário e investigador na Universidade Nova de Lisboa (UNL), voltou a explorar em 2011, com o arranque do projeto Viva Ronaldo, que viria a dar o mote para a constituição da startup Viva Superstars e a captação dos primeiros clientes em Portugal.
«No negócio da TV, o grosso das receitas ainda vem “antena” (as transmissões tradicionais), mas conseguimos provar que é possível gerar receitas laterais com serviços interativos que podem ser bastante significativas em mercados de maior dimensão», explica o líder da Viva Superstars.
Antes da Sport TV, já a Viva Superstars havia estabelecido parcerias de sucesso com as empresas de agenciamento e representação de jogadores Gestifute e Polaris (ambas do empresário Jorge Mendes) e o Grupo Media Capital (que detém a TVI e a Rádio Comercial). Ambos negócios serviram de montras para o potencial tecnológico da Magycal – a plataforma criada nos escritórios do Madan Parque, da UNL, que combina dados estatísticos de entidades externas, reconhecimento facial, sistemas de pagamento, transmissões de TV, funcionalidades de interação ou personalização e que permite criar um serviço televisivo de nova geração, sob a forma de site, app ou até rede social. Love on Top, Secret Story, Let’s Dance, e os já mencionados Viva Ronaldo e canais digitais que complementam as transmissões da Sport TV são alguns dos exemplos de sucesso apresentados por Eduardo Dias.
«A nossa plataforma permitia ver quais os participantes de programas como Secret Story que tinham mais popularidade, combinando o reconhecimento facial e as reações dos internautas. Para a produção do programa também foi muito útil, porque permitia saber quais eram os momentos altos e os momentos baixos do programa», recorda o líder da Viva Superstars.
Eduardo Dias admite que, até ao final do ano, os serviços digitais da Sport TV vão conhecer novidades, mas não revela quais. Pelo contrário, a expansão do negócio já merece perspetivas mais detalhadas: «o nosso objetivo passa por estabelecer parcerias com empresas que são clientes, mas estão também interessadas em testar coisas novas. A nossa estratégia não tem por objetivo criar um produto e vender a empresa passados cinco anos», explica.
A Viva Superstars «tem poucos mas bons clientes» em Portugal e é replicando a experiência dessas parcerias frutuosas que nos tempos mais próximos deverá apostar na expansão para outros países da Europa e alguns países asiáticos. Eduardo Dias não tem a pretensão de garantir que a Magycal é a primeira plataforma que disponibiliza as funcionalidades interativas que hoje estão disponíveis nas apps do grupo Média Capital e da Sport TV, mas reitera que não conhece outras ferramentas no mercado que façam o mesmo.
«Seguimos o modelo americano, sem o dinheiro americano. Criámos uma plataforma própria. E a partir de agora apenas temos de fazer lucro com ela, e tentar avançar de forma muito sólida para com investimentos e internacionalização», conclui o Eduardo Dias.