Os operacionais americanos espiaram dissidentes, militantes, rivais da monarquia dos EAU e vários jornalistas, entre os quais um apresentador da BBC e o presidente da Al-Jazeera. A Reuters descobriu que entre os elementos deste projeto estavam pelo menos nove funcionários da NSA e do Exército dos Estados Unidos.
A crise surgiu em 2017, quando os Emiratos Árabes e os seus aliados, incluindo a Arábia Saudita e Egito, acusaram o Qatar de causar agitação no Médio Oriente através do suporte a grupos de media e grupos políticos. Aquele lado da fação exigiu que o Qatar parasse os fundos para determinados organismos de media e que atuasse contra a Irmandade Muçulmana, um movimento que alguns governos árabes viam como uma ameaça.
Nesse mesmo ano, os vários aliados concertaram-se e levaram a cabo um histórico bloqueio aéreo, terrestre e marítimo à pequena nação do Golfo. Em junho de 2017, os operacionais do projeto Raven entraram em ação para espiar os iPhones de pelo menos dez jornalistas com ligações ao governo do Qatar ou à Irmandade Muçulmana. O objetivo passava por encontrar material que mostrasse que a família real qatari tinha influência na cobertura que os media estavam a fazer e revelar laços entre a rede de TV Al-Jazeera e a Irmandade Muçulmana.
A popular rede de TV reforça que sempre foi independente do governo do Qatar e o responsável por ligações aos media na embaixada do Qatar dos EUA revela que «o governo não pede, exige, nem impõe à Al Jazeera nenhuma agenda».
Giselle Khoury, apresentadora da BBC Arabic sedeada em Beirute, também foi espiada devido à sua ligação com Azmi Bishara, que criticou abertamente os EAU e fundou a cadeia de notícias Al-Araby Al-Jadeed.
Os hacks foram feitos usando uma ferramenta chamada Karma, que só precisa que o pirata coloque o número de telemóvel ou endereço de email da vítima para entrar em ação. Com esta ferramenta avançada, a vítima não tem de clicar num link malicioso para ficar em perigo.
A Apple não comentou a existência ou utilização da Karma.