Os dados compilados pela Pordata revelam que, em 2017, havia mais de 5,2 milhões de trabalhadores em Portugal. Em 2030, esse número poderá ser bem diferente: de acordo com um estudo realizado pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP), a McKinsey Global Institute e a Nova School of Business and Economics, nos próximos 11 anos, 1,1 milhões de trabalhadores poderão ter de mudar de emprego, devido à crescente automação e robotização da economia nacional. E esta até é a previsão conservadora que parte do princípio de que apenas 26% do potencial de automação é aplicado pelas empresas e entidades públicas.
O estudo intitulado “Automação e o Futuro do Trabalho em Portugal” não aponta apenas riscos para a crescente automação da economia. A resenha que a CIP enviou aos diferentes meios de comunicação revela também que a sofisticação tecnológica deverá gerar entre 600 mil e 1,1 milhões de postos de trabalho até 2030.
Questionado pelo DN/Dinheiro Vivo, António Saraiva, presidente da CIP, anunciou a intenção de colocar o assunto em concertação social. «Não podemos estar, apenas, a preparar hoje os jovens para os desafios do futuro, temos, também, de requalificar e reconverter os atuais trabalhadores», referiu o líder da CIP ao DN.
Segundo o estudo “Automação e o Futuro do Trabalho em Portugal”, que deverá funcionar como o ponto-alto de uma conferência levada a cabo pela CIP esta quinta-feira, é no comércio e na indústria que o impacto das tecnologias será maior. Os autores do estudo estimam que, atualmente, metade da jornada de trabalho diária poderia ser executada de forma automatizada por software ou máquinas especializadas. Este valor leva a crer que o mercado de trabalho nacional ainda revela uma grande dependência de tarefas repetitivas ou que não exigem grande criatividade.
Em 2030, esse potencial de automação do período de trabalho deverá ascender a 67%, revela o estudo “Automação e o Futuro do Trabalho em Portugal”. Pelo que o desafio passará sempre pela formação e pela reconversão profissional. Mais de 1,8 milhões de trabalhadores terão de aprender a lidar com novas ferramentas, se quiserem apanhar o “comboio” das tecnologias.
«É evidente que a perda (de postos de trabalho) pode ser compensada pela criação de outros, se houver uma efetiva reconversão em que todos participemos. Este é um desígnio nacional, temos de fazer uma efetiva formação de adultos e é aí que reside o clique para aproveitar estas oportunidades», conclui António Saraiva em declarações reproduzidas pelo Público.
O estudo tem por base 800 ocupações e 2.000 tarefas de diferentes setores. Foram analisadas 18 competências que um profissional deverá dominar, tendo em conta o potencial de automação que poderão vir a registar no futuro, informa o Correio da Manhã.