Andrus Ansip, vice-presidente da Comissão Europeia, confirmou que os diferentes tipos de interdição que Reino Unido, Nova Zelândia, EUA e Austrália aplicaram à Huawei têm sido acompanhados com atenção em Bruxelas. Numa conferência de imprensa realizada nesta sexta-feira, o comissário não teve pruridos em admitir preocupação com o uso de tecnologias fabricadas na China.
«Não é um bom sinal, quando as empresas têm de abrir os seus sistemas para os serviços secretos», referiu Andrus Ansip em palavras citadas pela Agência France Press. «Como cidadãos comuns, obviamente temos de ter receio», acrescentou o vice-presidente da Comissão Europeia.
A Huawei sempre negou, nos vários processos de interdição, qualquer tipo de cooperação com os serviços de inteligência chineses, mas aparentemente esse argumento não foi suficiente para convencer Andrus Ansip: «Elas (as marcas de tecnologias chinesas) têm de cooperar com os serviços secretos. E estou a referir-me a backdoors que são obrigatórios».
Até à data, a Comissão Europeia não tomou qualquer medida para limitar ou banir a compra de tecnologias produzidas na China. Mas as frases de Ansip poderão ser encaradas como uma hipotética viragem no que toca às políticas de importação de tecnologias chinesas. Até porque nalguns países alinhados com o bloco ocidental já há quem esteja a tomar medidas para limitar a compra de tecnologias chineas – em especial da Huawei.
No Reino Unido, na Austrália e na Nova Zelândia, a Huawei foi alvo de ações de interdição de venda de equipamentos para as redes de Quinta Geração de Redes Móveis (5G). Nos EUA, além do banimento de tecnologias chinesas nas redes estatais, também foi emitido um mandado que viria a redundar na detenção de Meng Wanzhou, diretora financeira da Huawei, quando se encontrava em trânsito em Vancouver, Canadá.
Na origem da detenção estarão alegadas suspeitas de vendas de tecnologias americanas para o Irão – país que tem estado sujeito a um bloqueio económico dos EUA.