Eucalipto. Árvore da família Myrtaceae que é originária da Oceânia. Desde as décadas de 1980 que é também presença assídua na paisagem nacional. Google e Facebook. Duas das maiores empresas da Internet de todos os tempos. Desde a década passada que são usadas intensivamente pelos portugueses. O que é que um eucalipto tem a ver com uma gigante tecnológica? Tiago Pinto, um dos fundadores da aceleradora Beta-i, deu esta tarde a resposta no primeiro painel da conferência As Maiores do Portugal Tecnológico: «Se a Facebook e a Google vierem para Portugal, tudo isto acaba. São empresas que vão acabar por secar tudo o que tem sido feito com as startups. O mesmo acontece, caso a Tesla venha para Portugal . Ninguém vai acreditar que pode ser criada uma alternativa (à Tesla)».
As queixas relativas à escassez de profissionais de tecnologias multiplicam-se a cada dia que passa e a chegada de uma tecnológica de maior dimensão pode ser encarada como um fator de inflação de salários e… mais vagas de emprego por preencher. Mas o fenómeno do eucalipto está longe de se um dado adquirido:
«A vinda de um grande centro tecnológico pode não ser necessariamente mau, porque as pessoas vão ganhar experiência que depois poderá ser útil para lançar os seus próprios projetos», sublinha Daniela Monteiro, diretora executiva da StartupBraga.
Celso Martinho, criador do Sapo numa altura em que ainda não se falava de startups, vê com bons olhos a vinda de executivos e empreendedores que tenham a capacidade para contaminar o mercado nacional. Sobre a escassez de profissionais, recorda que a mensagem para o estrangeiro terá de passar sempre pela qualidade e não tanto pela quantidade: «É bom que se acabe com ideia dos salários baratos, porque isso não é verdade e não é dignificante para nós (em Portugal)». Sobre a necessária mudança de mentalidades, afirma: «Muitas vezes os fundadores acham que têm de ser o CEO. “Eu criei a empresa, eu é que giro a empresa”. É uma atitude errada. Um investidor não mete dinheiro numa empresa se não tiver todas as valências necessárias».
João Mendes Borga, Coordenador da Rede Nacional Incubadoras da Portugal Ventures, lembra que o sucesso precisa de investimento – mas não pode descurar algumas das características nacionais. Até porque, aparentemente, os Silicon Valleys que estão em formação em vários pontos do mundo não são todos iguais: «No modelo americano, o Estado não se deve meter – mas nos países europeus é suposto o Estado ajudar, em regime de co-investimento», refere o responsável da Portugal Ventures. «Tirando a França, a Alemanha ou o Reino Unido, todos os países da Europa precisam de apoio do Estado (para o investimento em startups e novos negócios)», conclui.
Pode seguir a conferência As Maiores do Portugal Tecnológico nas várias transmissões em direto que vamos fazer no Facebook.