Um estudo levado a cabo pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em colaboração com as universidades de Stanford e de Washington, concluiu que as apps de requisição de transporte têm aberto caminho a comportamentos discriminatórios de negros e mulheres.
O estudo, que incidiu sobre as práticas comerciais de 1500 viagens requisitadas nas apps FlyWheel, Lyft e Uber em Seattle e Boston, conclui que os consumidores que têm nomes que indiciam serem negros sujeitam-se a maiores taxas de desistência por parte dos motoristas. De acordo com a BBC, os consumidores que usavam nomes de origem aparentemente africana demoram 28% mais tempo a serem aceites pelos motoristas em Seattle. Em Boston, a taxa de cancelamento de serviços é duas vezes maior para consumidores com nomes de origem africana – e no caso de estes pedidos terem sido feitos em locais pouco frequentados ou mais isolados essa taxa sobe para três vezes mais que a média.
Nas mulheres, a discriminação não se faz pelo cancelamento, mas sim pelo percurso escolhido. O estudo das três universidades americanas dá conta de várias situações em que os motoristas enveredam por percursos mais longos – e aparentemente escusados – quando têm de tranmsportar mulhers. Além do fator económico, poderá haver motivações relacionadas com tentativas de sedução. «A viagens mais longas a que as mulheres costumam ser sujeitas parece resultar de uma combinação de tentativa de lucro ou sedução de pessoas que está presa (temporariamente no automóvel)», refere o estudo citado pela BBC.
Os investigadores admitem que os comportamentos discriminatórios dos condutores possam ser superados caso as requisições deixem de ostentar os nomes dos consumidores, mas também acreditam que a supressão dos nomes possa abrir caminho a outras práticas discriminatórias.
Tanto a Lyft como a Uber reagem ao estudo com a defesa de serviços de transporte não-discriminatórios, que chegam a locais que, alegadamente, nem sempre estão bem servidos. «A discriminação não tem lugar na sociedade e também não terá lugar na Uber», defende Rachel Holt, líder de operações da Uber para a América do Norte. Adrian Durbin, porta-voz da Lyft, explicou à BBC, que a empresa «não tolera qualquer forma de discriminação».