Em 1993, Michael Doyle tornou-se conhecido pelo desenvolvimento de uma aplicação que permitia monitorizar embriões através da Internet. Em 1999, o então investigador da Universidade da Califórnia volta à ribalta com um processo contra a Microsoft que lhe haveria de valer 100 milhões de dólares de indemnização devido a uma alegada violação da patente relativa à aplicação desenvolvida em 1993 e que deu a Doyle a pretensão de ser dono de toda a interatividade existente na Internet.
Em 2012, Michael Doyle e a empresa Eolas, que foi criada precisamente para explorar a propriedade intelectual da “interatividade da Internet”, deu início a uma nova ronda de processos, no Tribunal de Tyler, Texas, contra grandes marcas que disponibilizam tecnologias que garantem a interatividade na Internet. Amazon, Adobe, Apple, eBay, Google e Yahoo foram alguns dos nomes visados pelo processo que exigia uma indemnização de 600 milhões de dólares, mas que poderia, consoante o desfecho do caso, chegar aos mil milhões de dólares.
À semelhança dos anos 1990, Michael Doyle conseguiu parte do que pretendia, assinando acordos extrajudiciais (e com valores não revelados) com muitas das marcas acusadas, mas ao contrário do sucedido nos primeiros casos, houve marcas que não aceitaram a validade de uma patente que já tinha sido alvo de críticas de organismos que supervisionam os standards na Internet.Google Yahoo e JC Penney foram as três empresas que não tiveram receio do veredicto de um caso que teve testemunhas como Tim Berners-Lee, o denominado pai da World Wide Web, entre muitos outros pioneiros do ciberespaço.
Segundo a ArsTechnica, o Tribunal de Tyler recusou o recurso de uma primeira decisão desfavorável à Eolas. O que, potencialmente, retirou a Doyle todas as hipóteses de voltar a ser indemnizado por uma qualquer empresa que tenha criado um serviço na Web que suporta funcionalidades de interatividade.
O recurso também produziu efeito em quatro patentes que derivam da original registada em 1993 – e livrou de qualquer indemnização a Disney, a ESPN, a ABC, a Facebook, e Wal-Mart, que entretanto tinham sido acusadas noutros processos iniciados pela Eolas.
Tudo leva a crer que tão depressa a Eolas não voltará às páginas de jornais por indemnizações chorudas relativas a tecnologias que quase ninguém sabia que estavam protegidas por patentes.A mesma se previsão pode ser aplicada à Universidade da Califórnia (onde Doyle trabalhava à data do registo da patente da discórdia), que manteve durante todos os processos, uma discrição que nunca a impediu de receber uma parte considerável das indemnizações milionárias exigidas pela Eolas.