Ontem, a Apple chegou a anunciar que o iPhone 5 estava preparado para funcionar nas redes 4G – mas essa informação só está correta parcialmente: na verdade, o iPhone 5 não suporta as frequências que dominam a variante europeia das redes 4G (também conhecidas como LTE, de Long Term Evolution).
Ao nível da compatibilidade, a Apple já fez saber que vai lançar três versões de iPhone 5: duas prontas para operar nas redes GSM (família tecnológica das redes móveis europeias) e uma terceira para redes CDMA (que historicamente foram implementadas nos EUA e no Japão).
De acordo com a Computerworld, nenhuma das duas versões criadas para GSM operam nas frequências de 800 MHz e 2,6 GHz, que foram adotadas pela maioria dos operadores europeus que pretendem dar o salto para o 4G.
Com o novo telemóvel, a Apple respondeu às reclamações sobre a alegada compatibilidade do iPad 3 com o 4G e incluiu as frequências de 1800 MHz em duas das versões do iPhone 5. Com esta decisão tornou compatível o novo telemóvel com 25% dos operadores existentes no mundo que disponibilizam serviços 4G, mas acabou por descurar o mercado europeu, que na maioria, usa os 800 MHz e 2,6GHz.
Em Portugal, a Anacom definiu que as redes 4G poderiam usar as frequências de 450 MHz, 800 MHz, 900 MHz, 1800 MHz, 2,1 GHz e 2,6 GHz, só que Optimus, TMN e Vodafone têm optado por apenas avançar em força para a 4G depois de libertadas as frequências de 800 MHz. As frequências de 800 MHz foram usadas, até abril de 2012, para as transmissões de TV analógica. Só depois da migração para a Televisão Digital Terrestre (TDT), os três operadores passaram a poder usar esta faixa de frequências, que é considerada pelos especialistas como essencial, uma vez que disponibiliza elevadas larguras de banda a um grande alcance e por isso não exige a instalação de mais retransmissores para garantir a cobertura de cada região com 4G.
É devido à impossibilidade de uso destas mesmas frequências dos 800 MHz que recentemente a Exame Informática apurou que as regiões fronteiriças de Portugal não deverão ter 4G antes de meados de 2012.
Uma vez que os operadores nacionais estão pouco dispostos a usar, por questões de investimento e retorno financeiro, frequências alternativas aos 800 MHz, a conexão do iPhone 5 com as redes de 4G nacionais fica seriamente limitada (no melhor dos cenários, os utilizadores do iPhone 5 ficam com acesso ao 4G apenas e só nos locais onde cada operador usa as frequências de 1800 MHz … o que dificilmente corresponderá a uma cobertura uniforme do território).
Portugal não é o único país parece ter sido relegado para segundo plano pela estratégia de expansão da Apple. Alemanha, França, Itália e Suécia são outros dos países euroipeus que poderão ter os mesmos problemas. «Quem quiser lançar um dispositivo na Europa terá de garantir que funciona nos 800 MHz e 2,6 GHz», sublinha o analista Phil Marshall, da consultora Tolaga Research, em declarações publicadas pela Computerworld.
O mesmo consultor admite, no entanto, que a Apple possa vir a solucionar esta lacuna com o lançamento de uma nova versão do iPhone 5 que já seja compatível com as frequências que dominam o 4G europeu.