A Samsung deve apresentar um recurso contra esta decisão e a Apple deverá começar a direcionar os seus esforços em torno da interdição das vendas dos produtos que o júri considerou que violam as suas patentes. A estes dois faxtos junta-se outro de igual relevância; a juíza Lucy Koh ainda pode modificar a sentença e o valor da indemnização que a Samsung tem de pagar à Apple pode chegar aos três mil milhões de dólares.
O Korea Times cita um executivo da Samsung que considerou esta decisão como «o pior cenário possível» (recorde-se que as duas empresas estão envolvidas em várias batalhas judiciais, em diferentes pontos do globo).
Tim Cook, o CEO da Apple, enviou um email interno a explicar que este caso era sobre algo mais do que «patentes ou dinheiro. É sobre valores. (…) Valorizamos a originalidade e a inovação e dispomo-nos a fazer os melhores produtos da Terra. Fazemo-lo para os nossos consumidores e não para os nossos competidores nos copiarem».
Vários blogues e fóruns com comentários de advogados e utilizadores com experiência jurídica mostram estranheza com a rapidez com que a decisão foi tomada, dada a complexidade do processo. O representante do júri, Velvin Hogan, afirmou que o júri pretendia dar uma punição que fosse algo mais que «uma palmada na mão do infrator (…) mas que não fosse completamente absurda» e daí terem decidido a multa de mil milhões de dólares.
Se ficar provado que a decisão do júri possa ter sido condicionada por algo mais do que o espírito da legislação, todo o caso pode voltar de novo à barra dos tribunais, explica a Cnet.
Em termos de vencedores, há quem considere que a Samsung até pode sair a ganhar deste processo. O Mashable cita vários utilizadores que começam a questionar o valor pago por produtos da Apple, quando a Samsung aparentemente oferece produtos semelhantes com preços significativamente mais baixos. Esta corrente de pensamento considera que a Samsung “paga” apenas mil milhões à Apple, mas vai conseguir ganhar muito mais devido à perceção com que os consumidores podem ficar dos seus produtos.
No entanto, com esta sentença e o pensamento global de que o Android (Samsung) copiou o iOS (Apple), o verdadeiro vencedor pode bem ser o par Nokia-Microsoft, com os novos Windows Phone. Estima-se que a dupla apresente o Windows Phone 8 no início de setembro, antes do lançamento do novo iPhone. A argumentação de vendas pode passar por chamar a atenção dos utilizadores para os aspetos que diferenciam o sistema operativo móvel da Microsoft e os terminais da Nokia das soluções oferecidas pela Apple e pela Samsung.
O próprio sistema operativo Android pode sofrer com esta decisão judicial. Os fabricantes podem apresentar algum receio de estar a usar tecnologias que possam, no futuro, vir a ser questionadas por empresas como a Apple e de se concluir que pode haver alguma outra violação de patentes. Neste tempo de incertezas, resta saber se o interesse dos fabricantes pelo Android arrefece apenas ou se estes vão mesmo procurar soluções alternativas, como virar-se para a plataforma da Microsoft. HTC, Huawei, ZTE e a própria Samsung podem começar a olhar para a solução da Microsoft como sendo uma alternativa mais segura.