Os portugueses acederam 788 milhões de vezes, entre janeiro e dezembro de 2021, a sites que disponibilizam séries, filmes, música, software, livros, jornais e revistas de forma ilegal. O valor representa um crescimento de 12% face a 2020 (703,8 milhões de acessos) e confirma, também para Portugal, uma tendência que se tem registado a nível internacional: os níveis de pirataria de conteúdos estão a aumentar.
Tendo em conta a população portuguesa (10,3 milhões de pessoas, segundo os dados provisórios dos Censos 2021), isto significa uma média de 76 acessos a sites ilegais, por pessoa, ao longo do ano. Os dados, cedidos à Exame Informática, são da Muso, empresa de análise de mercado especializada em monitorizar acessos a sites com conteúdos ilegais.
As transmissões desportivas e as séries de televisão (52,1%) são de longe os conteúdos mais procurados pelos portugueses nestes sites. Seguem-se os conteúdos editoriais (24,4%), como livros, jornais e revistas, software (10,1%), com a música e os filmes a representarem, respetivamente, cerca de 7% e 6,4% dos acessos.
Ainda segundo as informações da Muso, 66,4% dos acessos dos utilizadores de internet portugueses aos diferentes sites de pirataria de conteúdos é feita de forma direta – um valor que demonstra um comportamento de hábito por parte dos utilizadores no acesso a estes sites. Outros 22,6% chegam a estes sites através de pesquisas na internet, com os restantes 11% dos acessos a estarem distribuídos por redes sociais, anúncios online e referências através de e-mail.
Quanto à forma como consomem os conteúdos pirateados, 52,4% das vezes é feita a transmissão online (streaming) dos conteúdos, enquanto em 47,6% dos casos ainda é feito o download para o dispositivo pessoal do utilizador. Os dados da Muso revelam também que é aos fins-de-semana e durante os feriados que os utilizadores mais acedem aos sites com transmissões desportivas, séries e filmes, sendo que nos restantes conteúdos o acesso é relativamente constante ao longo dos dias.
O valor total de acessos a sites de conteúdos piratas (788 milhões) é no entanto inferior ao de outros países: na Suécia, que também tem cerca de dez milhões de habitantes, foram feitos 1,1 mil milhões de acessos a sites piratas ao longo de 2021; já em Espanha, país vizinho de Portugal, mas que tem 47,5 milhões de habitantes, foram feitos 3,4 mil milhões de acessos, no total, no ano passado.