Centenas de canais da Twitch ficaram ‘apagados’ nesta quarta-feira como parte de um protesto que os utilizadores da plataforma decidiram organizar. O movimento, que nas redes sociais ficou conhecido como #TwitchBlackout, quis dar força aos problemas que existem no site de transmissões em direto (live streaming) relacionados com assédio sexual, racismo e outros comportamentos tóxicos – uma realidade que também afeta streamers portugueses, sobretudo mulheres, como revelou a Exame Informática.
Ao longo dos últimos dias têm sido vários os produtores de conteúdos da Twitch (streamers) que têm partilhado publicamente histórias de como foram vítimas de comportamentos abusivos na plataforma e de como são da opinião que a Twitch pouco tem feito para proteger os utilizadores. Muitas dessas histórias foram compiladas por Jessica Richey num documento partilhado – e disponível aqui.
O tom dos protestos contra o que dizem ser uma inação da empresa já levou inclusive a Twitch a emitir três comunicados: um primeiro a 22 de junho, dia em que começou a partilha de testemunhos de casos de assédio sexual e racismo na plataforma; um segundo por parte de Emmet Shear, diretor executivo da tecnológica; e um terceiro, mais recente, divulgado no dia do ‘blackout’.
“Estamos a averiguar cada caso que foi divulgado tão rápido quanto podemos, enquanto asseguramos as devidas diligências sobre estas alegações sérias. Demos prioridade aos casos mais severos e vamos começar a emitir suspensões permanentes de forma imediata em linha com as nossas investigações”, lê-se na mais recente mensagem publicada pela Twitch.
A empresa, que é detida pela gigante norte-americana Amazon, admite mesmo reportar os casos às autoridades quando encontrar dados que tal o justifique. A empresa lembra ainda que quem não denunciou publicamente os abusos que sofreu na Twitch pode usar as ferramentas dedicadas da empresa, que garantem o anonimato das histórias, para fazê-lo.
Apesar da adesão ao ‘blackout’ na Twitch, também foram muitos os utilizadores e streamers da plataforma que se mostraram contra a iniciativa, por consideraram que o ‘silêncio’ provocado pelo apagão dos canais não é a melhor forma de passar a mensagem e de colocar pressão na gigante do live streaming.
O assédio sexual na Twitch em Portugal é um dos temas em destaque na Exame Informática nº 302 – que chega nesta quinta-feira às bancas – e na Exame Informática Semanal 153.