É um palmarés que não orgulha ninguém: a indústria têxtil está entre as cinco mais poluidoras do mundo, com um peso especialmente grande no consumo de água. A boa notícia é que o problema está bem identificado e as empresas do setor já começaram a mudar os processos de produção para o mitigar. Recordemos, por exemplo, o caso da Smartex, a startup nascida na incubadora de empresas da Universidade do Porto e que arrecadou o prémio pitch na edição de 2021 do Web Summit, com a sua solução baseada em inteligência artificial e em imagens de vídeo para deteção precoce de defeitos nos tecidos, com tradução imediata em poupança de toneladas de recursos.
«Quando pensamos nesta questão do consumo de água, nas problemáticas que enfrentamos relativamente à seca e que tendem a piorar no futuro, a indústria têxtil apresenta-se como um dos sectores que gera mais preocupação devido à elevada quantidade de efluentes contaminados com corantes sintéticos e outros auxiliares químicos após o processo de tingimento», nota Jorge Pereira, docente do Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e investigador no Centro de Engenharia Química e Recursos Renováveis para a Sustentabilidade (CERES), que pegou nesta preocupação, no seu conhecimento na área da extração e purificação de compostos e começou a trabalhar numa solução que permite poupar nos corantes e sobretudo na água gasta durante o processo de tingimento das fibras.