Max é um homem de quarenta e poucos anos e está em casa com a mulher quando começa a sentir-se mal. A companheira chama imediatamente a ambulância que o leva para o hospital. Durante todo o trajeto, os paramédicos mantêm-se sempre em contacto com a equipa médica da unidade de saúde a quem os dados fisiológicos recolhidos, como os valores de tensão, a análise ao sangue, o batimento cardíaco, vão sendo comunicados. Toda esta informação é aplicada ao gémeo virtual de Max e ainda antes de o paciente chegar ao hospital já existe um diagnóstico: Max está a sofrer um AVC. Este é um enredo fictício, de um jogo de realidade virtual criado pela Siemens Healthineers. Mas não falta muito para que se torne numa prática corrente. “No futuro, todos teremos o nosso gémeo digital”, afirma o Chief Technology Officer (CTO) da multinacional alemã, Peter Schardt.
Esta ideia de um gémeo digital – “uma representação virtual de um objeto ou sistema que abrange o seu ciclo de vida, é atualizado a partir de dados em tempo real e usa simulação, aprendizagem de máquina e raciocínio para ajudar na tomada de decisões”, na definição da IBM – tem vindo a ganhar popularidade nas mais diversas áreas, como a manutenção ou a arquitetura. Mas a área da saúde é certamente uma das que mais entusiasmo gera – entusiasmo e rendimento. Segundo a empresa de Marketing e estudos de mercado Markets and Markets, o setor dos gémeos digitais na saúde gerou uma receita de 1,6 mil milhões de euros em 2023, estimando-se que este valor atinja os 21,1 mil milhões já em 2028. Portanto, este “futuro” a que se refere o CTO é já amanhã. “Permitirá tomar decisões mais precisas, relativamente às terapias a aplicar”, antecipa Schardt que estabelece um paralelismo entre esta tecnologia e o GPS já que permite mapear (os órgãos), planear uma rota (ou tratamento) e atingir um destino (a cura da doença). “Podemos planear um tratamento como planeamos uma viagem, em que os dados vão sendo introduzidos no sistema em tempo real”, ilustra.