O objetivo era recolher dados sobre as movimentações do magma, na região atlântica entre os Açores, a Madeira e as Canárias. Mas os sismómetros acabaram por trazer muito mais informação do que a cientista Ana Ferreira, professora no University College de Londres, poderia imaginar. Quando começou a analisar o material recolhido pelos equipamentos colocados no fundo do mar percebeu que havia surpresas escondidas.
Uma delas, o registo do naufrágio do navio Felicity Ace que se incendiou ao largo dos Açores, levando a bordo quatro mil carros de luxo. Enquanto se afundava, terão ocorrido duas explosões – percebeu-se agora, em vez de uma só, como se pressupunha. Nos registos, foram ainda apanhados sinais da gigantesca erupção vulcânica no arquipélago de Tonga, que se iniciou a 15 de janeiro de 2022, a dezoito mil quilómetros de distância. E também baleias a cantar.
Estas descobertas foram feitas no âmbito do projeto Upflow, coordenado pela cientista portuguesa, sendo totalmente inesperada esta deteção de uma erupção vulcânica tão distante e que viajou até ao outro lado do mundo pela interação oceano-atmosfera, traduzida em ondas de pressão.