Podem ser só micróbios – mas poderão ser também os primeiros exemplares de vida em Marte alguma vez detetados pela humanidade. E é essa a grande esperança que acaba de ser revelada pelos cientistas da Agência Espacial dos EUA (NASA) a partir de dados indiciadores da presença de metano que foram recolhidos pela sonda Curiosity na Cratera de Gale, no planeta vizinho.
Segundo a New York Times, o primeiro alerta terá chegado à Terra quinta-feira passada, aquando da chegada das medições que o rover Curiosity vai obtendo durante as diferentes missões de exploração. A NASA descreve os dados como preliminares e remete para mais tarde um conclusão definitiva, mas os indícios provenientes de Marte revelam a presença de quantidades assinaláveis de metano – um gás que é produzido pela atividade animal (exemplo: o metano produzido pelo aparelho digestivo de humanos e bovinos é hoje considerado dos principais emissores de poluentes da atualidade).
O metano não tem como origem exclusiva a atividade animal ou microbiana – e esse fator poderia, por si só, travar a expectativa dos investigadores da NASA. Só que, desta vez, a quantidade detetada pela Curiosity é superior à que já havia sido detetada por outras missões espaciais em Marte e observações de telescópios.
Os primeiros indícios de metano recolhidos da Curiosity remontam a 2012 – mas não ultrapassavam uma parte em mil milhões de partes possíveis. Passado um ano, o rover detetou novamente metano a pairar na atmosfera marciana, mas numa quantidade superior: sete partes em mil milhões possíveis, cuja duração se manteve durante, pelo menos, dois meses.
O dados recolhidos pela Curiosity na semana passada levam a acreditar numa deteção de metano bastante superior: 21 partes em mil milhões possíveis. Os dados recolhidos pela Curiosity e pelos orbitadores Mars Express e Trace Gas Orbiter levam a crer que a produção de metano varia consoante as estações do ano de Marte – mas essa tendência não é suficiente para afastar a tese de que o metano seria produzido possa ter origem em seres vivos.
O “Planeta Vermelho” também é conhecido por ter uma atmosfera muito pouco espessa, que levaria as moléculas de metano a desintegrarem-se, com relativa rapidez perante a luz solar e aos elementos químicos existentes no local. E é por saberem que o metano existente na atmosfera se desintegra mas rapidamente que na Terra que os investigadores da NASA passaram a ter uma ferramenta útil para apurar se o metano detetado pela Curiosity é “antigo” ou foi emitido há pouco tempo – possivelmente por micróbios ou outros seres vivos desconhecidos.
Além de micróbios que habitam em zonas onde o oxigénio escasseia, sabe-se que o metano também pode ser produzido por fenómenos geotérmicos.
Perante a recolha de indícios de metano, os investigadores da NASA decidiram alterar os planos da missão exploração da Curiosity que estavam definidos para passado fim de semana. O novo plano de missão passou a ter como objetivo a fonte do gás metano. Tudo leva a crer que as novas medições efetuadas em Marte cheguem à Terra esta segunda-feira.