Yue Shao, investigador sedeado no Michigan, estava a fazer experiências com células estaminais de embriões e a testar a criação de estruturas tridimensionais, apoiadas por “andaimes” de um gel mole. O cientista verificou que as células mudavam muito mais rapidamente do que o esperado e que se organizavam, em poucos dias, num círculo. A equipa de Shao concluiu que as células em análise estavam a formar pequenos embriões, no princípio da formação do saco amniótico e, lá dentro, o disco embriónico, ou o futuro corpo.
Estas estruturas nunca poderão dar origem a uma pessoa, por faltar o tipo de células para se fazer uma placenta, um cérebro ou um coração. Os cientistas, no entanto, destroem estes embriões passados cinco dias usando um banho de detergente ou de formaldeído para assegurar que não se desenvolvem mais.
O estudo de Shao e da sua equipa faz parte de um boom em experiências e investigações sobre criação de órgãos e outras aplicações para as células estaminais. Este boom faz com que a comunidade também se interrogue sobre a bioética, ou seja, a partir de que momento é que um embrião pode ser considerado uma vida.
Ali Brinvalou, que lidera um laboratório na Rockefeller University, diz que vai tentar formar o primeiro embrião humano completo a partir de células estaminais. «O meu objetivo é maximizar a modelação, in vitro, do desenvolvimento humano. Assim, gostaríamos de ser o mais precisos e completos possível», explica Brinvalou.
Atualmente, os cientistas do Reino Unido e EUA aplicam a regra dos 14 dias, ou seja, nenhum embrião humano é estudado para lá das duas semanas.