Os investigadores não têm dúvidas de que Plutão é geologicamente ativo, com montanhas e superfícies que não foram atingidas por impactos. Fotografias captadas pela New Horizon permitiram ainda descobrir vestígios da existência de um oceano líquido ou de gelo denso, conhecido por Ice II. Os cientistas analisaram a composição do planeta anão e a forma como o calor emanado pelo núcleo do planeta se comporta, explica o ArsTechnica.
Os autores de um estudo divulgado agora elaboraram um modelo unidimensional desde a superfície até ao núcleo do planeta e simularam várias condições para verificar qual a composição de todas as camadas. O modelo simula a passagem do tempo e mostra como o gelo e a água transmitem o calor com eficiências diferentes. O calor transmitido será maior ou menor, conforme a profundidade a que se comece a registar a existência de gelo.
Com esta análise, os cientistas concluem que Plutão pode ser “frio” ou “quente”, termos aplicados criativamente, e que em ambos os casos houve lugar à formação de um oceano gelado no início da história do planeta. Para a hipótese de o planeta ser “frio”, significaria uma compressão à superfície, derivada da existência de gelo mais denso, conhecido por Ice II e que ocupa menos volume. No caso de ser “quente”, pelo contrário, existiria uma expansão à superfície, uma vez que a água no estado líquido ocuparia um maior volume. Nos dias de hoje, não se verificam sinais de compressão tectónica, pelo que «concluímos que o Ice II não foi formado», explicam os investigadores, avançando que há a possibilidade de haver água no estado líquido debaixo da cobertura gelada de Plutão.