Os modelos cognitivos são humanos; mas o processo inventivo pode vir das máquinas. Com o projeto Concept Creation Technology (ConCreTe), investigadores de seis universidades e de uma empresa da Europa acreditam poder criar software capaz de usar os modelos de criatividade humana para gerarem novas ideias e conceitos. Para chegar a este objetivo máximo, os investigadores deverão começar por desenvolver uma simulação da consciência humana – que não dispensa o contacto com o exterior enquanto fonte de informação, ou inspiração.
O projeto é coordenado pela Universidade de Queen Mary de Londres, e conta com a participação de uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). A Comissão Europeia investiu cerca de três milhões de euros no projeto, que já produziu dois protótipos.
«Baseamo-nos em modelos cognitivos dos humanos. Estamos a construir um sistema de grande complexidade que, entre outras fases, pretende simular os mecanismos da consciência humana com vista a ter no final uma tecnologia apta a interagir com o mundo externo», explica Amílcar Cardoso, coordenador da equipa da FCTUC, em comunicado.
De acordo com os investigadores portugueses, o novo sistema poderá recolher informação junto de bases de dados, ou na Internet, diferindo essa informação com modelos cognitivos que poderão dotá-lo de capacidade crítica: Amílcar Cardoso recorda que o projeto ConCreTe «visa ter um sistema computacional viciado no trabalho, que gosta de explorar caminhos fora do habitual e mesmo improváveis para efetuar as suas tarefas e, no final, surpreender os humanos com ideias extraordinárias mas exequíveis».