As feridas crónicas podem ter várias origens, mas o projeto Nanoinspire está apostado em fazer com que tenham um único fim. Para isso, conta desenvolver um gel que poderá sarar essas feridas em apenas 15 dias. Por enquanto é apenas um projeto – mas hoje os investigadores sedeados no Biocant, de Cantanhede, deram o primeiro passo para que, no futuro, consigam entrar no mercado internacional: A Caixa Capital anunciou hoje o investimento de 100 mil euros na NanoInspire. Não foi o único projeto desenvolvido no programa de aceleração Cohitec a merecer o investimento da Caixa Capital. O fundo de capital de risco também vai investir 100 mil euros na Biomimetx, um aditivo para tintas de barcos que se distingue por ser menos poluente e caro que o cobre – mas que promete um aumento de eficácia na eliminação de algas e mexilhões que se costumam fixar nas embarcações.
«Foram escolhidas as startups que estavam mais próximas de captar o investimento. A escolha recaiu sobre os projetos que combinam o perfil da equipa com o potencial para captar investimentos nas próximas rondas», explica Pedro Vilarinho, coordenador do programa de aceleração Cohitec, da associação de empreendedorismo COTEC.
Durante o evento que contou com o desfile de vários projetos do Cohitec na Culturgest, Pedro Vilarinho aproveitou para fazer um balanço de 10 anos de Cohitec: mais de 600 promotores de ideias de negócio participaram no programa de aceleração da COTEC. Dois terços dos participantes são investigadores.
«Mudámos a forma de fazer ciência, mesmo daquelas pessoas que não seguiram em frente», garantiu o coordenador do Cohitec. Pedro Vilarinho deu ainda a conhecer, pelo menos, nove startups que passaram pelo Cohitec que já garantiram investimentos entre os 300 mil e os 30 milhões de euros. É possível que os casos de sucesso se multipliquem no Cohitec: hoje, a COTEC e a Caixa Capital assinaram um protocolo que prevê aplicação de 200 mil euros anuais em dois projetos que tenham passado no programa Cohitec.
Sobre a mais recente fornada de projetos, Pedro Vilarinho revelou otimismo: «Há oito projetos, em 16, que têm promotores querem seguir em frente. Nas edições anteriores, já ficávamos contentes se tivéssemos quatro projetos promovidos por investigadores dispostos a seguir em frente com um negócio».
A via empresarial nem sempre comporta riscos pessoais para investigadores e cientistas. Um exemplo dado pela Nanoinspire: na melhor das hipóteses o gel que sara feridas crónicas só será testado em humanos em 2017. E só dentro de nove anos deverá entrar no circuito comercial. Nada que assuste Joana Correia, uma das mentoras do projeto: «basta-nos ter um por cento do mercado para garantir o retorno do investimento ao fim de dois anos».
No caso da Biomimetx, o modelo de negócio assenta na venda do novo aditivo protetor dos cascos de barcos para as marcas de tintas que já se encontram no mercado. O negócio deverá arrancar na Califórnia: «os processos de certificação são muito mais rápidos e baratos que na Europa», conclui Gonçalo Costa, um dos quatro promotores da ideia.