É um dos nomes mais conhecidos no mundo do software livre e é considerado como um dos pais do movimento da década de 1980 que fez crescer a ideia e o conceito de partilha de software sem qualquer custo. Richard Stallman, agora com 66 anos, volta a estar no centro da atenção mediática e não pelos melhores motivos: os comentários que fez sobre uma alegada vítima do escândalo de abusos sexuais relacionados com o milionário Jeffrey Epstein levaram-no a apresentar demissão das duas organizações onde trabalhava.
O pioneiro do software livre apresentou demissão do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT na sigla em inglês) e anunciou no site pessoal a saída. «Faço isto por causa da pressão ao MIT e a mim depois de uma série de mal entendidos e más interpretações», escreveu. A demissão da Fundação do Software Livre (FSF na sigla em inglês) também se soube nesta terça-feira.
Em causa está o caso Jeffrey Epstein, milionário norte-americano que foi encontrado morto na cadeia enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico e abuso sexual. A justiça americana suspeita que Epstein operava uma rede de tráfico sexual e que era usada por figuras conhecidas da sociedade americana.
Uma dessas figuras terá sido Marvin Minsky, pioneiro da inteligência artificial, que foi acusado de violação por parte de uma das vítimas da alegada rede operada por Jeffrey Epstein. Marvin Minsky, falecido em 2016, era membro do laboratório de inteligência artificial do MIT e a sua ligação ao caso só ficou conhecida no início de agosto.
Foi justamente as acusações contra Marvin Minsky que levaram Richard Stallman a comentar o caso numa troca de mensagens feita por email com membros do Laboratório de Ciências da Computação e Inteligência Artificial do MIT (CSAIL). Na opinião de Stallman, o «cenário mais plausível» é que a alegada vítima dos abusos sexuais «apresentou-se [ao Marvin Minsky] de livre vontade».
As mensagens da autoria de Richard Stallman, reveladas pela publicação Motherboard, questionavam ainda o próprio conceito de abuso sexual. «É moralmente absurdo definir “violação” de uma forma que depende de detalhes menores como o país em que aconteceu ou se a vítima tem 18 ou 17 anos de idade», escreveu.