A neutralidade carbónica e sustentabilidade ambiental passaram a ser expressões usadas muitas vezes nos relatórios das maiores empresas do mundo. Apesar de existir uma maior preocupação sobre o impacto carbónico, o ritmo de redução de emissões por parte das 2.000 empresas mundiais com maior volume de negócios tem sido bem lento. Apenas 37% se comprometeram a atingir a neutralidade carbónica até 2050, uma proporção, que ainda assim, cresceu ligeiramente nos últimos anos. E são menos as que estão, de faco, a conseguir reduzir as emissões.
Tendo em conta as organizações que divulgam dados sobre o impacto ambiental da sua atividade, e a sua evolução desde 2016, só 18% dão sinais de estar no caminho das emissões zero, segundo um estudo da Accenture. Há um terço de empresas que conseguiram reduzir a pegada carbónica, mas a um ritmo mais lento, e cerca de metade aumentaram o nível de emissões nos últimos anos. “A tendência geral é que as empresas não estão a agir de forma suficientemente rápida e forte para limitar os impactos mais severos da clise climática”, refere o estudo,.
O atual contexto económico – marcado por inflação ainda elevada – está a ser um dos motivos usados pelos líderes empresariais para explicar a demora na transição necessária para descarbonizar as suas operações. Mais de um terço das organizações realçou que não pode fazer mais investimentos nesta área devido ao ambiente económico.
Empresas europeias lideram no compromisso com emissões zero
As empresas europeias são as mais ambiciosas no compromisso com a neutralidade carbónica. Mais de 60% das grandes organizações do Velho Continente já definiram a meta das emissões zero até 2050. Em 2021, apenas 37% das empresas europeias tinha esse objetivo.
Já na América do Norte, a proporção de empresas que inscreveu esse compromisso não vai além de 28%, um dos valores mais baixos a nível global. “O progresso nas empresas norte-americanas parou. Podem existir várias razões para isso, incluindo desenvolvimentos políticos e regulatórios. Mas, independentemente das causas subjacentes, as tendências divergentes são claras”, indica o estudo.
O relatório constata ainda que “a reinvenção da indústria pesada é fundamental para atingir todas as metas globais de emissões líquidas nulas” e isso terá de passar por uma colaboração estreita com setores com emissões menos intensivas. Os líderes empresariais das áreas com maior pegada carbónica mostram preocupação com os custos da descarbonização e os preços mais altos dos produtos que conseguem fabricar com menos pegada ambiental. “95% dos líderes da indústria pesada preveem que serão necessários, pelo menos, 20 anos para fornecer produtos ou serviços com emissões líquidas nulas a um preço igual ou próximo do preço das alternativas com elevado teor de carbono”, conclui a Accenture. Já mais de metade (54%) afirma que as futuras intenções de compra dos fabricantes lhes dão confiança suficiente para investir na descarbonização.