São más notícias para quem quer comprar casa. Apesar dos crescentes custos do crédito – as taxas Euribor seguem em máximos de mais de uma década – os preços do imobiliário continuam a encontrar suporte na crónica falta de oferta de habitação no mercado.
No final de 2022, existiam em Portugal Continental cerca de 47.200 fogos para venda, o que é, segundo os registos da Confidencial Imobiliário, o valor mais baixo desde 2007. Os imóveis usados continuam a constituir a maioria, com 29.600 ou 63% da oferta, contra 17.600 fogos novos.
Trata-se do volume de oferta mais baixo em 15 anos e consolida dois anos de sucessivas reduções na carteira de habitações disponíveis para venda no país. De acordo com os especialistas, e embora estas contrações sejam ténues, “refletem uma trajetória persistente, de tal forma que os 47.200 fogos registados no 4º trimestre de 2022 ficam 25% abaixo dos níveis observados no arranque de 2021, quando se contabiliza um volume de cerca de 63.000 unidades”.
Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, nota que “a tendência de redução da oferta tem sido visível tanto na habitação nova como na usada, refletindo a dupla circunstância de existir uma baixa capacidade de reposição de produto novo e uma procura em expansão, o que tem resultado também num elevado ritmo de absorção dos fogos existentes. Esta falta de oferta estrutural continua a ser uma das principais razões para que o ritmo de valorização se mantenha tão elevado”.
O fenómeno tem sido particularmente visível nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto. No final de 2022, existia um total de 20.700 fogos em oferta na região, também em mínimos de 15 anos e em contraste com um stock na ordem dos 29.000 registados dois anos antes. A oferta atual fica mais de 50% abaixo do que eram os padrões deste mercado nos anos 2009 e 2010, quando o stock em oferta por trimestre superava as 50.000 unidades.
Na Área Metropolitana do Porto, o volume de oferta no 4º trimestre de 2022 somava pouco mais de 7.000 unidades. Nesta região, ainda que a oferta apresente um comportamento menos consistente – com os trimestres a oscilarem entre um comportamento de redução e de expansão-, a realidade de mercado é também atualmente bastante diferente do virar da década anterior. Entre 2009 e 2012 a região Metropolitana do Porto chegou a ter mais de 20.000 fogos por trimestre em oferta. No caso desta região, apesar da tendência de decréscimo, o stock do 4º trimestre não é o mais baixo de 15 anos, equiparando-se à realidade de meados de 2019.