A gasolina vai ficar €0,07 mais cara esta segunda-feira, e o gasóleo sobe €0,11 para €1,82 e €1,87 o litro, respetivamente. Preços que voltam a pesar na já magra carteira das famílias portuguesas, que se debatem todos os dias com aumentos significativos dos bens, desde a alimentação à energia. Mas por que sobem os preços nas bombas, afinal?
O movimento de subida de preços tem sido justificado pelo recente anúncio da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), que avisou que vai cortar em cerca de 2 milhões a produção diária de barris de ‘ouro negro’ – ou seja, o equivalente a 2% do abastecimento mundial desta matéria-prima. Apesar de o Ministro da Energia da Arábia Saudita, o país que na prática lidera a OPEP, justificar a decisão com a subida das taxas de juro no Ocidente, a Casa Branca interpretou o movimento como um sinal de apoio à Rússia.
Recorde-se que, em julho, Joe Biden se encontrou com o Príncipe Mohammed bin Salman para tentar apaziguar o clima tenso que havia entre a Arábia Saudita e o Ocidente, e também para o convencer a não baixar a produção de petróleo por forma a conseguir mitigar a escalada de preços que se tem feito devido ao boicote ao petróleo e gás russos – a subida dos preços da energia tem alimentado a espiral inflacionista que já se faz sentir na Europa e nos EUA há vários meses, mas que, com a chegada do Inverno, deve penalizar ainda mais as famílias.
O anúncio deste corte de produção foi feito na passada quinta-feira, mas ainda não se refletiu, naturalmente, na atual produção, nem sequer nos contratos dos barris de petróleo – que muitas vezes até são feitos a prazos de três meses, por exemplo. E mesmo que se tivesse refletido, a verdade é que o barril de Brent, referência para as importações portuguesas, fechou a última sessão a negociar nos 98 dólares, o preço a que estava, por exemplo, em janeiro de 2014. Nessa altura, um litro de gasolina era vendido, em Portugal, a um preço médio de €1,55, enquanto o gasóleo custava €1,38 o litro.
Ou seja, ambos os tipos de combustível custavam muito menos do que hoje, mesmo que sem os apoios do Estado que estão atualmente em vigor: a suspensão do aumento da taxa de carbono e a redução do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP). Para sermos exatos, a gasolina está hoje 15% mais cara, enquanto o gasóleo custa 26% mais aos portugueses, ainda que o petróleo esteja a ser vendido ao mesmo preço. E com condições fiscais mais vantajosas.
É certo que as cotações dos combustíveis são influenciadas por outras variáveis que impactam a indústria da refinação, mas ainda assim, esta é uma matemática que continuará a custar aos portugueses.