O Autódromo Internacional do Algarve (AIA) vai mesmo receber um Grande Prémio da Fórmula 1 já em outubro e o anúncio será feito esta sexta-feira, dia 10 de julho, pelo primeiro-ministro, António Costa, sabe a EXAME. O ‘Grande Circo’ volta a Portugal 24 anos depois, embora agora troque o Estoril por Portimão.
Em entrevista recente ao Jornal Económico, Paulo Pinheiro, CEO do AIA, referia que o investimento necessário por parte da estrutura para receber um Grande Prémio de Fórmula 1 oscilará entre os 3 e os 3,5 milhões de euros. “Só quando tivermos o contrato é que podemos ter acesso a toda a informação para definir o âmbito total do investimento afeto a uma prova de Fórmula 1”, sublinhava na peça publicada no passado dia 4 de julho.
“O circuito não pode arcar sozinho com as responsabilidades de organizar uma prova destas”, referia na mesma entrevista o responsável, salientando ainda que o Estado deveria ter que contribuir com um valor entre os 30 a 40 milhões de dólares. “O Estado de cada país tem de pagar entre 27 a 36 milhões de euros para ter uma corrida destas por causa da visibilidade que tem para todo o mundo e do impacto quase incomparável face ao retorno que o país terá, por via dos impostos, fruto da faturação que se gera. Tudo isso tem impacto direto na nossa economia, seja na componente dos impostos seja na criação de valor acrescentado”.
Recorde-se que o AIA recebeu a homologação da FIA para receber Grandes Prémios no passado mês de março, quando se começou a perceber que Portugal era um dos países que parecia estar a lidar melhor com a pandemia Covid-19.
O autódromo do Algarve tem mantido “desde há muito” conversações com a FOM (Formula One Management), empresa comercial autorizada pela Federação Internacional Automóvel (FIA) que gere os assuntos relacionados com a Fórmula 1, e foi com alguma surpresa que o setor descobriu que a FIA tinha homologado novamente esta pista para receber Grandes Prémios. Desde 1996 que o País não recebe qualquer prova desta competição.
“Reunimos várias condições, como a pista, estacionamentos, infraestruturas e hotéis, o que faz com que a proposta ganhe valor. O Algarve é um sítio fantástico, que reúne condições para receber uma corrida, mas há 15 países a disputarem uma prova. Daí ser um processo complexo, trabalhoso, mas mantemos a esperança de um dia conseguirmos trazer a Fórmula 1”, destacava em junho Paulo Pinheiro.
A EXAME sabe também que o betuminoso já está a ser posto na pista de Portimão por uma empresa nacional, que foi convidada especificamente para levar a cabo os trabalhos, e recentemente houve também indícios de que vários hotéis da região estavam a cancelar reservas para datas muito específicas: entre os dias 24 e 27 de setembro, e entre os dias 1 e 4 de outubro, precisamente os dias que o jornal A Bola avançara para a realização das duas corridas que seriam realizadas no Autódromo Internacional do Algarve, escrevia a imprensa especializada esta semana.
Recorde-se que a temporada de Fórmula 1 tem sofrido vários revés ao longo deste ano, com 7 corridas adiadas, 2 outras canceladas. No entanto, o ‘Grande Circo’ voltou às pistas no passado dia 5 de julho, na Áustria, numa corrida sem espetadores e que viu – também com surpresa – Valtteri Bottas a subir ao primeiro lugar do pódio.
Numa altura em que várias equipas de Fórmula 1 lutam pela sobrevivência, com toda a temporada a ter ficado em suspenso, e em que Portugal está sedento de turistas, a notícia deverá ser recebida com agrado pelo menos pelo setor hoteleiro e da restauração. É que mesmo sem público, as equipas de Fórmula 1 trazem sempre um séquito que pode animar qualquer economia.