O trabalho desenvolvido ao longo do último ano no coração da Zona Euro, com o objetivo de prevenir e gerir futuras crises financeiras no bloco da moeda única, valeu a Mário Centeno a distinção como melhor ministro das Finanças na Europa em 2019, atribuída pela revista The Banker, publicação do universo Financial Times.
O galardão foi dado a conhecer esta quarta-feira, 2 de janeiro, no site da The Banker, que sublinha as “maratonas negociais” e os “acordos alcançados em dezenas de assuntos” ao longo dos meses em que está à frente do Eurogrupo, reconhecendo que a escolha de Centeno para o cargo foi “incomum”: além de ser o primeiro líder a vir de um país do Sul do euro, vem também de um estado-membro socorrido por um plano de assistência económica e financeira da troika.
“A eleição do economista português, que tem um doutoramento por Harvard, foi o reconhecimento da espantosa recuperação económica de Portugal,” refere a publicação, que alude à queda do desemprego e do défice orçamental, e à expansão da economia do País (baseada no crescimento do consumo e das exportações), a que se junta a recapitalização dos principais bancos e o aumento do salário mínimo. A única nota menor vai para os cortes no investimento em infra-estruturas.
A nível europeu, o The Banker destaca ainda o papel mais conciliador que Centeno terá conseguido junto do Eurogrupo (comparado com o do seu antecessor Jeroen Dijsselbloem, a quem sucedeu a 12 de janeiro de 2018), apontando como desafios para 2019 a consolidação do terceiro pilar da união bancária (o sistema comum de garantia de depósitos) e a concretização do orçamento para a Zona Euro.
Centeno é um dos cinco ministros das Finanças a nível mundial a serem distinguidos. O melhor titular das Finanças a nível global foi Sri Mulyani Indrawati, a ministra Indonésia, pela criação de mecanismos financeiros que melhorem a forma de lidar com as catástrofes naturais no país e pelas medidas de redução da burocracia e para atração de investimento. Indrawati recebeu ainda o título de melhor ministro das Finanças da região Ásia-Pacífico.
Ao ministro chileno (Felipe Larrain) foi atribuída a distinção de melhor titular da pasta nas Américas por ter mantido o Chile como um “farol de estabilidade” na América Latina e ter feito avançar uma agenda reformista. Moshe Kahlon, ministro israelita, foi considerado o melhor na região do Médio Oriente, por ter desenvolvido uma “disciplina fiscal equilibrada” que garante ao mesmo tempo as necessidades de desenvolvimento do País nas áreas da educação e do mercado de trabalho. O egípcio Mohamed Maait foi o vencedor para o continente africano, pelas “amplas reformas estruturais” desenvolvidas no país, que herdou do seu antecessor e que levaram a que a economia registasse em julho passado o seu primeiro excedente orçamental primário em 15 anos.