A procura na oferta pública de venda (OPV) da Raize superou em 3,7 vezes a oferta, tendo sido subscrita em 369% e atraindo 1 419 investidores, anunciou esta sexta-feira a plataforma de empréstimos a pequenas e médias empresas (PME).
Segundo um comunicado enviado às redações, a forte procura obrigou a rateio (num coeficiente de 27%) na distribuição das ações e assegurou que todos os investidores de retalho receberam pelo menos 500 títulos da empresa. A 6 de julho a empresa tinha anunciado que a procura já tinha ultrapassado a oferta em 2,1 vezes.
Entre os investidores institucionais que participaram na operação estão a SGF – Sociedade Gestora de Fundos de Pensões, a IP-Holding de Ilídio Pinho e de António Aguiar Moreira, ex-responsável pela Base Holding SGPS, acrescenta a empresa.
Nesta primeira fase estavam à venda 750 mil ações (correspondentes a 15% do capital) a um preço fixo de dois euros, o que elevava a oferta inicial para 1,5 milhões de euros e avaliando a empresa em 10 milhões de euros. Com a OPV, cada investidor procurou, em média, ficar com 529 ações, correspondendo a 1 058 euros (dado o preço de venda de dois euros por cada título).
As ações vão negociar sob o símbolo MLRZE na bolsa de Lisboa a partir da próxima quarta-feira, 18 de julho, no sistema de negociação Euronext Access, plataforma destinada a startups e PME que queiram financiar a sua atividade no mercado de capitais, gerida pela Euronext Lisbon. A liquidação física e financeira da oferta está marcada para terça-feira.
Segundo o documento informativo associado à operação, a Raize espera começar a pagar dividendos em 2020. De acordo com as últimas contas– relativas a 2017 – a Raize quase triplicou o produto bancário em relação ao ano anterior, para 264,3 mil euros, mas continua a apresentar resultado líquido negativo, embora o tenha reduzido em 66% para 20,97 mil euros. Tendo em conta dados no site da Raize, a plataforma tem 30.810 investidores e financiou 15,53 milhões de euros em empréstimos às empresas, tendo sido realizadas 774 operações.
A oferta pública de venda (OPV) da Raize Serviços de Gestão, SA (dona da RaizeCrowd, a empresa que gere a plataforma de financiamento colaborativo) arrancou a 18 de junho e decorreu até esta quinta-feira, 12 de julho. A operação de dispersão em bolsa de 25% do capital, dirigida a investidores do retalho e institucionais, prevê duas fases. A OPV inicial, de venda de 15% – cujos resultados foram hoje conhecidos -, e a disponibilização de mais 10% do capital ao longo de seis meses para reforçar a liquidez e diversificar acionista.
A venda dos títulos foi feita pelos atuais acionistas, proporcionalmente de acordo com a sua participação. Além de José Maria Rego e Afonso Eça (cada um com 30,1% antes da oferta), entre os acionistas está também, com 10%, a POTUS de Luís Delgado (presidente da Trust in News, dona da EXAME), o family office Partac (da família Champalimaud) com 5,3% ou a Parinama Capital, da família Salvador Caetano, da SIMUM e da Ciclocerto de Diogo Champalimaud Lino (as três com 4% cada).
Na segunda fase – posterior à entrada em negociação dos títulos da primeira fase -, de acordo com o documento informativo, serão emitidas ordens permanentes de venda de até 500 mil ações da empresa, divididas em dez níveis com 50 mil ações cada e que correspondem a outros tantos limiares de cotação. As ordens serão dadas a partir dos 2,20 euros (primeira tranche), sendo as seguintes definidas de 0,2 e 0,2 euros – 2,40, 2,60, 2,80 euros em diante, até à última tranche, relativa ao limiar de 4 euros.
A OPV foi montada por um sindicato liderado pelo Haitong Bank e que inclui o ActivoBank e o Banco BEST, com a assessoria da Uría Menéndez-Proença de Carvalho.