A Fundação Calouste Gulbenkian decidiu pôr termo à negociação que decorria com ao grupo chinês CEFC para a venda da Partex, por considerar que não existem condições para continuar negociações, mas não desiste da alienação da petrolífera.
“Na sequência das notícias recentes vindas a público sobre a situação do grupo chinês e face à incapacidade desta empresa em as esclarecer cabalmente junto da Fundação, concluiu-se que não existem condições para continuar as conversações”, anunciou em comunicado a Fundação Calouste Gulbenkian.
No entanto, esclarece que mantém “inalterada a sua opção estratégica relativamente à nova matriz energética”, pelo que “a Fundação dará continuidade ao processo de venda da Partex, tendo em conta os melhores interesses da Fundação e da empresa”.
A venda da Partex à empresa chinesa tinha sido confirmada em meados de fevereiro pelo presidente da companhia portuguesa, António Costa Silva. Em declarações ao Público, o responsável falava de uma “negociação complexa” num negócio que poderia ascender a 500 milhões de euros.
Meses antes, em novembro do ano passado, a CEFC Energy anunciava a compra em Portugal de 60% da Montepio Seguros, um negócio avaliado em 150 milhões de euros (dados do Jornal Económico) e que está ainda à espera de luz verde do regulador, a Autoridade dos Seguros e Fundos de Pensões. O Governo negou entretanto que tivesse partido de São Bento a intermediação do contacto entre os chineses e a associação mutualista.
No início de março as autoridades governamentais de Xangai assumiram o controlo da CEFC Energy, através do Shanghai Guosheng Group, depois de o presidente da empresa, Ye Jianming, ter sido detido sob suspeitas de participação em crime económico.
“A CEFC não tem dinheiro e está dependente apenas de financiamento externo” para manter a empresa a funcionar, disse em março à Reuters uma fonte com conhecimento da situação financeira da companhia, altura em que se soube que a CEFC estava a preparar-se para pagar juros anuais de 36% para se conseguir financiar a longo prazo.
Depois de ter comprado em setembro 14% da russa Rosneft, as notícias sobre os problemas de liquidez levaram em março a CEFC a pôr fim ao reforço para 50% da presença no capital do grupo financeiro checo J&T.
No final do mesmo mês a Reuters noticiava que toda a carteira imobiliária da CEFC estava à venda, avaliada em 2.600 milhões de euros e incluindo quase uma centena de propriedades, entre escritórios, hotéis e apartamentos.
com Lusa