“Ou mudamos a forma como ensinamos, ou daqui a 30 anos teremos problemas” para conseguirmos competir com as máquinas. O alerta é deixado por um dos empresários mais reconhecidos a nível internacional e que fez uma fortuna de milhares de milhões assente num império de comércio eletrónico, tecnologia e automatização.
Jack Ma, fundador da Alibaba, aproveitou o palco do Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, para defender esta quarta-feira, 24 de janeiro, que só intervindo na educação é possível que os trabalhadores do futuro possam superar os efeitos da disseminação das máquinas na economia.
“A formação é hoje um grande desafio. Se não mudarmos a forma como ensinamos, daqui a 30 anos teremos problemas. Porque a forma como ensinamos – e as coisas que ensinamos aos nossos filhos – são as coisas dos últimos 200 anos, baseadas no conhecimento. E não podemos ensinar as nossas crianças a competir com máquinas. Elas são mais inteligentes,” defendeu o fundador do gigante de comércio eletrónico Alibaba.
De acordo com dados da McKinsey, até 2030, a automatização pode acabar com 800 milhões de empregos, tornando desnecessária a intervenção humana na realização de tarefas. Para que isso não aconteça e não se sucedam “décadas de dor”, é preciso “ensinar algo novo para que as máquinas nunca nos possam apanhar”.
Segundo Ma, é preciso passar às novas gerações – aquelas que já estão sentadas nos bancos da primária e as que se seguem – aquilo que o conhecimento não consegue transmitir e que o magnata resume a cinco pontos:
– Valores;
– Crenças;
– Pensamento independente;
– Trabalho em equipa;
– Respeito pelos outros.
Para ter a certeza de que os humanos são diferentes do contexto hipertecnológico que se antecipa, Ma defende que é preciso que as crianças ganhem competências em áreas como o desporto, a música, a pintura e a arte, que é o que torna os humanos distintos dos robôs.
“Tudo o que ensinamos deve ser diferente das máquinas. Se a máquina consegue fazer [algo] melhor, temos de pensar sobre isso,” afirmou o multimilionário que, nos seus armazéns de distribuição, já tem máquinas a assegurarem 70% do trabalho.