Palavras pedidas emprestadas, claro está, a José Régio, no início desta semana em que todos os caminhos vão dar aos 50 anos do 25 de Abril. Apesar de as várias iniciativas já estarem a decorrer desde o início do mês, as celebrações do meio século de liberdade intensificam-se agora até à próxima quinta-feira. Pode ir já espreitando aqui o que há para ver, ouvir e fazer, de norte a sul, mas não é a agenda que nos traz aqui. É, antes, uma boa dose de espanto perante uma certa ligeireza, e a sua aparente (quase) generalização, com que a democracia e o seu contrário são tratadas.
50 anos depois do 25 de Abril, os dados recolhidos por inquéritos divulgados na semana passada mostram, se quisermos resumir muito, há um número muito significativo de portugueses que não diria que não a formas de governo não democráticas. São estudos de opinião a confirmar o que já se sentia no ar. A somar ao estudo divulgado pelo jornal Público, que mostra que quase metade dos inquiridos apoiaria um “líder forte”, que não tivesse de ir a votos, outra sondagem revela igualmente que a maioria não rejeita explicitamente sistemas incompatíveis com democracia.