Se em finais de outubro alguém dissesse que a luta pelo título nacional de futebol iria, como é hábito, ser discutida pelos três grandes, muita gente teria dúvidas, tal era a superioridade que o Sporting, treinado por Rúben Amorim, vinha demonstrando. 11 vitórias noutras tantas jornadas foi o pecúlio que o treinador deixou em Alvalade quando trocou o Sporting pelo Manchester United e que deixava a esmagadora maioria dos adeptos leoninos e grande parte dos adversários convencidos que o tão ambicionado bicampeonato era apenas uma questão de tempo. Pois, a verdade é que se enganaram redondamente. Sob o comando do inexperiente João Pereira – o mesmo que o presidente Frederico Varandas garantia estar a ser preparado há anos para a sucessão de Amorim e que de Alvalade só sairia para um grande clube da Europa –, o Sporting só ganhou um dos quatro jogos que disputou para o campeonato, perdendo dois e empato o outro. Resultados que transformaram uma vantagem muito confortável face aos dois grandes rivais para uma posição em que foi obrigado a receber o Benfica (o jogo realizou-se no domingo, 29, já depois do fecho desta edição) já com os encarnados na liderança.
A derrocada do projeto sportinguista acabou por obrigar Varandas a desdizer-se a trocar de treinador nas vésperas de receber o eterno rival de Lisboa, indo buscar a Guimarães o treinador Rui Borges, que vinha fazendo uma extraordinária carreira europeia com o Vitória, não perdendo nenhum dos 12 jogos (dez vitórias e dois empates) que disputou na Liga Conferência. Nascido em Mirandela há 43 anos, o novo treinador dos leões fez quase toda a carreira de futebolista em clubes da região transmontana, onde também iniciou a vida de treinador. Depois dos dois primeiros anos ao serviço do clube da sua terra, saltou para Viseu, onde levou o Académico, da II Liga, às meias-finais da Taça de Portugal, em 2019/2020. Passou, depois, por Académica de Coimbra, Nacional da Madeira, Vilafranquense e Mafra, sempre com prestações interessantes ao ponto de despertar, na época passada, o interesse do Moreirense, que lhe abriu as portas da I Liga. O sexto lugar na tabela classificativa, acompanhado do recorde de pontos e um número de golos sofridos apenas ao nível três grandes, fizeram-no dar o salto para o vizinho Vitória, onde acabou por ficar pouco tempo, mudando-se de malas e bagagens, logo a seguir ao Natal, para Alvalade.