No início dos anos 80, quando os corredores portugueses davam cartas nas competições de meio-fundo e fundo, existia apenas, e há pouco tempo, uma pista de tartan em Portugal. Nessa época, todos os que quisessem seguir os passos de Carlos Lopes, Fernando Mamede e outras estrelas do atletismo não tinham instalações convenientes para o fazer fora de Lisboa. Indignada, Rosa Mota chegou a liderar uma forte campanha para obrigar o governo a construir uma pista de tartan no Porto, única forma de satisfazer a procura de todos os que sonhavam vir a ser atletas. Algumas décadas depois, em 2008, a motivação dos dirigentes do ciclismo e da Câmara Municipal de Anadia foi de sentido inverso, mas com os resultados que se conhecem: apesar de não terem ciclistas de pista, decidiram elevar a aposta e construir um velódromo, em Sangalhos. E em grande: um edifício em forma de elipse, quase todo de madeira, com uma pista inspirada no de Bordéus, França, considerado, então, o mais emblemático do mundo velocipédico.
Quando, a 11 de setembro de 2009, o edifício cuja construção teve um custo superior a 12 milhões de euros, desenhado pelo arquiteto Rui Rosmaninho, foi inaugurado com uma volta simbólica à pista pelo histórico Alves Barbosa, o primeiro português a participar no Tour de France, também ainda não existiam ciclistas em Portugal especializados em provas de velocidade em circuitos fechados. Sobrava, no entanto, por parte dos responsáveis pelo projeto, a vontade de desenvolver uma das modalidades mais populares, em todas as suas vertentes.