Cresceram em famílias partidárias diferentes, ela de esquerda, ele de direita. No início, a relação afetiva não parecia ser afetada pelas inclinações políticas. A certo ponto, algo mudou. As discussões tornaram-se constantes, normalmente com o noticiário televisivo ou uma publicação inflamada nas redes sociais como pano de fundo a alimentar a polémica do momento. Começavam ordeiras, a tentar respeitar a diferente ideologia do parceiro, mas rapidamente cresciam de tom. Ou era uma frase que caía na demagogia ou a proclamação da admiração por uma figura política que o outro abominava ou uma medida avançada pelo Governo sobre a qual o casal não conseguia estar de acordo. As trincheiras cavaram-se, cada vez mais fundo, até ao ponto em que já não era possível agitar a bandeira branca da paz democrática.
A julgar pelo tom alarmista com que a imprensa internacional tem abordado as diferenças de voto por género, este cenário de guerra dos sexos está prestes a instalar-se. Historicamente, homens e mulheres da mesma geração costumavam estar alinhados ideologicamente. Agora, a geração Z – nascida sensivelmente entre 1997 e 2012 – mostra sinais de contrariar esta tendência.