Um conjunto de seis estudos conduzidos por uma equipa de cientistas da Universidade A&M do Texas e a Associação Americana de Psicologia concluiu que a raiva – de todas as emoções – é que mais estimula os níveis de produtividade. A investigação, publicada na revista científica Personality and Social Psychology: Attitudes and Social Cognition, envolveu uma amostra de cerca de mil participantes aos quais foram dadas diferentes tarefas, correspondentes a cada estudo. “Os relatos funcionais da emoção têm orientado a investigação durante décadas, com o pressuposto central de que as emoções são funcionais – elas melhoram os resultados para as pessoas. Com base em relatos funcionais da emoção, percebemos que a raiva deve melhorar a realização de objetivos na presença de desafios”, pode ler-se no estudo.
Os diferentes estudos envolveram tarefas como a resolução de puzzles, videojogos e a obtenção de prémios de forma a analisar o desempenho da amostra com cada emoção. Para cada tarefa, foram analisadas as emoções específicas dos participantes – como a alegria, raiva ou tristeza – e analisado o seu desempenho e produtividade. A análise revelou que, de todas as emoções experienciadas pelos participantes, a raiva foi a que resultou – um maior número de vezes – numa melhor performance na resolução das tarefas – incluindo melhores pontuações e menores tempos de resposta. Foi ainda pedido a alguns participantes que desempenhassem diferentes tarefas sob um estado emocional neutro de forma a ser possível comparar o seu desempenho com os resultados à base de emoções.
De acordo com os resultados, os investigadores acreditam que uma das explicações para a raiva aumentar os níveis de produtividade pode estar relacionada com a ligação entre o sentimento e a persistência, ou seja, os inquiridos que experienciaram mais raiva mostraram também mais persistência em alcançar os objetivos.
Apesar de a raiva estar associada a um maior sucesso ao motivar os participantes a atingirem o seu objetivo, outras emoções mostraram ter também impactos positivos na performance dos inquiridos, tais como o desejo e a felicidade. “O ponto de vista de que as emoções positivas são ideais para a saúde mental e o bem-estar tem sido proeminente em relatos leigos e psicológicos sobre as emoções, mas investigações anteriores sugerem que uma mistura de emoções, incluindo emoções negativas como a raiva, resulta nos melhores resultados”, explicou Heather Lench, investigadora em psicologia e ciências cognitivas envolvida nos estudos.
Num dos estudos, foi mostrada à amostra um conjunto de imagens de forma a provocar diferentes sentimentos e pedido aos participantes que resolvessem puzzles de letras. Segundo os resultados deste estudo, os participantes que tinham experienciado raiva obtiveram melhores resultados que os participantes com outros estados emocionais.
Já num outro estudo foram analisados dados de inquéritos realizados durante as eleições presidenciais americanas de 2016 e 2020. Após questionada sobre o seu nível de raiva caso o seu candidato preferido perdesse, os investigadores concluíram que os inquiridos que mostraram um maior nível de raiva eram também os mais prováveis de exercer o direito de voto.