Um poema durante o discurso de agradecimento na cerimónia dos Globos de Ouro tornou A Garota Não viral na internet. A artista recebeu o galardão de Melhor Intérprete na 27ª edição da cerimónia de prémios, que se realizou no domingo no Coliseu dos Recreios. E o momento do seu discurso tornou-se um dos momentos mais aplaudidos da noite e partilhados nas redes sociais. É que Cátia Oliveira, nome verdadeiro da artista, demonstrou sentido de humor e também espírito de intervenção.
Em cima do palco para receber o prémio, A Garota Não deixou logo um aviso ao maestro que conduzia a orquestra. “Eu sou do 2 de Abril, que é um bairro lixado em Setúbal. Espera só um bocadinho até ao final”. Palavras que pediam para não ser interrompida no seu discurso, algo que é habitual quando as palavras se prolongam mais do que o estipulado.
É então que A Garota Não tira uma folha de papel na qual tinha escrito um poema, preparado para o caso de vir a ser uma das vencedoras desta edição dos Globos de Ouro.
“Vivemos o tempo dos Budas, das flores de plástico e das cómodas douradas
E rimos muito alto, por cima da música alta das esplanadas
Vivemos o tempo da kombucha, do coaching, das soft skills e da gratidão
Saibamos agradecer aos bancos os juros que nos cobram na habitação
Vivemos o tempo mais corrido de sempre
Das metas, dos objetivos, do ‘nem que me esfarrape’
Não há esforço que não valha a pena, seremos todos Luft, Tap
Vivemos tempo de maioria absoluta, de posso e mando, de meritocracia
O mérito mede-se a partir dos dentes, das notas do colégio ou da demagogia?
Obrigada por esta oportunidade, um globo de ouro nas mãos de um ser tão falho
Há quem tenha muita sorte
A sorte, a mim, tem-me dado muito trabalho.”
Terminada a declamação, a plateia fez-se ouvir num forte aplauso. Já os internautas estão a fazer eco destas palavras, partilhando-as nas redes sociais e tornando A Garota Não num dos temas do dia.