Apenas três meses após ser detido, em setembro de 2022, o narcotraficante brasileiro Sérgio Roberto de Carvalho tentou obter um novo passaporte, justificando o pedido com a intenção de se voltar a casar, apurou a VISÃO. O homem que é conhecido como “major” Carvalho, 65 anos, divorciado, pediu, formalmente, à Embaixada do Brasil na Hungria, a emissão do documento com o objetivo de formalizar o compromisso com uma cidadã ucraniana (não identificada), com quem, alegadamente, mantém contacto via Skype.
A representação brasileira em Budapeste acabaria por negar o pedido, depois de consultar o tribunal federal em Curitiba, no estado do Paraná, Brasil, que se opôs à entrega do novo passaporte. Aos advogados do “major” Carvalho, a embaixada remeteu mais explicações para o processo de extradição em andamento, sugerindo que “os pedidos de informação ou esclarecimento à autoridade central brasileira, no caso a Coordenação do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Extradição e Transferência de Condenados”.
Recorde-se que Sérgio Roberto de Carvalho, ex-major da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul (Brasil), terá liderado, durante décadas, uma rota de tráfico de cocaína que ligava a América do Sul e a Europa, com Portugal a servir (em muitas ocasiões) como “porta de entrada” para o Velho Continente, como contou a VISÃO numa grande reportagem de investigação publicada em março de 2021 – este indivíduo terá mesmo vivido escondido em Portugal durante dois anos.
Sérgio Roberto de Carvalho, também conhecido como “Escobar Brasileiro” (numa referência ao famoso narcotraficante colombiano Pablo Escobar), foi detido em junho de 2022, quando tomava o pequeno-almoço num hotel localizado próximo do Parlamento de Budapeste, junto às margens do Danúbio, onde estava alojado com um passaporte mexicano em nome de Guilhermo Diaz Flores.
Três dias depois da sua detenção, a PJ localizou e deteve aquele que as autoridades portuguesas acreditam que seria o principal operacional na Europa da organização liderada por este narcotraficante brasileiro: o português Rúben Oliveira, que usa a alcunha de “Xuxas”, que, por sua vez, liderava um grupo que era encabeçado por familiares e amigos do bairro dos Olivais, em Lisboa.
Sérgio Roberto de Carvalho permanece detido na penitenciária de Budapeste, depois de ter comunicado ao tribunal que não autoriza ser extraditado. As autoridades brasileiras continuam a trabalhar para reunir e apresentar documentação com vista à extradição do “Escobar brasileiro”. Ao mesmo tempo, sabe a VISÃO, Bélgica e Estados Unidos da América também já terão manifestado interesse em avançar com um pedido idêntico, pois o “major” Carvalho é apontado como um dos principais responsáveis pela entrada de cocaína nesses países.