Antes de aterrarmos, já tínhamos visto São Jorge pela janela do Q400 da companhia aérea SATA. Rodeada de um azul que só existe nos Açores, a ilha do grupo central do arquipélago é o cenário da primeira edição do Azores Trails Fest, entre os dias 4 e 8 de outubro. Uma espécie de ensaio para o que há de vir, já que este festival de trilhos terá caráter anual e será replicado nas nove ilhas.
O arquipélago tem sido, nestes últimos anos, distinguido pelas mais diversas entidades como um destino de eleição mundial a nível do turismo de Natureza, paisagístico ou sustentável.
O Azores Trails Fest, uma iniciativa do governo regional, quer dar a conhecer a beleza deste território moldado pelo fogo a meio do oceano Atlântico, mas também as suas gentes e as suas vivências. A melhor forma de partir à descoberta de São Jorge – e destas ilhas – é mesmo a pé, como antigamente, calcorreando os inúmeros e imensos trilhos que a cruzam de uma ponta a outra, de cima a baixo. Para se ter uma ideia, os Açores contam atualmente com 780 km de trilhos e 90 percursos homologados. São caminhos ancestrais, entretanto transformados em pequenas e grandes rotas pedestres, que atraem, também eles, cada vez mais visitantes, vindos um pouco de todo o mundo.

A ideia, explicou a Secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, na apresentação do Azores Trails Fest, que decorreu na vila de Velas, na costa sul de São Jorge, é ligar estas rotas à arte, à gastronomia, ao desenho, à música e ao mindfulness.
Na ilha estão desenhados sete Pequenas Rotas (entre os cinco e os 17 km, de nível médio e difícil), com passagem por linhas de água, poças naturais e outros locais únicos, como a Caldeira de Santo Cristo, e que terminam quase sempre numa fajã. É o caso da Fajã dos Vimes, onde é possível visitar uma antiga oficina de artesanato de colchas de ponto alto, beber uma aguardente caseira ou um café produzido aqui mesmo.
Além das Pequenas Rotas, existem também quatro Grandes Rotas, entre os 15 e os 30 km, de níveis médio e difícil, a durar no mínimo cinco horas a percorrer. A intenção do governo regional, disse Berta Cabral, é criar uma aplicação que concentre toda esta informação.
Antes de nos fazermos ao caminho, olhamos o Pico do outro lado do canal, e, mais ao longe, o Faial. E arriscamos dizer que é aqui que mais se sente essa ideia de arquipélago – pela proximidade entre as ilhas, mas sobretudo pelas muitas diferenças entre si.