Quando nasceu, na madrugada de 21 de abril de 1926, de cesariana, na residência dos avós maternos, em Mayfair (Londres), Isabel Alexandra Maria Windsor parecia destinada a uma vida recatada e tranquila, num segundo plano da realeza britânica. Reinava, então, o seu avô paterno, Jorge V, e Lilibeth, como era tratada na intimidade familiar, ocupava, desde o berço, um longínquo terceiro lugar na linha de sucessão ao trono. Antes estavam o seu tio Eduardo, príncipe de Gales, e, depois, o seu pai, Alberto, duque de York.
Com o trono aparentemente tão longe, os duques de York, Bertie (como era tratado em família) e Isabel Bowes-Lyon, aristocrata escocesa, que se tinham casado em abril de 1923, conseguiam preservar alguma privacidade, vivendo no elegante bairro londrino de Piccadilly, numa casa grande e confortável, mas que em nada se assemelhava a um palácio real. Depois, a duquesa de York considerava que as filhas Isabel e Margarida (nascida em agosto de 1930) não precisavam de ter uma educação escolar formal – bastava-lhes aprender noções básicas de cultural geral e as regras de etiqueta necessárias para se comportarem sem falhas em sociedade. As princesas tiveram, assim, uma educação académica pouco exigente, ministrada em casa por precetores particulares. Quanto à disciplina, ficou a cargo da rigorosa Clara Knight, uma nanny à moda antiga e avessa a crianças mimadas, que, por exemplo, não deixava Isabel e Margarida divertirem-se com mais de um brinquedo de cada vez, para lhes estimular a capacidade de concentração, como argumentava. Em simultâneo, como todas as crianças de classe alta inglesas, foram incentivadas a praticar atividades ao ar livre, como o hipismo (uma das paixões que Isabel manteria ao longo da vida), a jardinagem, a pesca, a caça ou caminhadas pelo campo.