O estudo, publicado na revista Nature e levado a cabo por cientistas da Universidade de Boston, EUA, teve como objetivo ajudar as pessoas com 65 anos ou mais a lidar com o enfraquecimento da memória. A experiência contou com 150 participantes, todos residentes em Boston, entre os 65 e os 88 anos, saudáveis e sem compromisso cognitivo. Ao longo de quatro dias consecutivos, foi aplicada uma estimulação cerebral não invasiva, em sessões diárias de 20 minutos. Os voluntários tinham de ouvir cinco listas de 20 palavras, das quais deviam, posteriormente, lembrar-se.
Os participantes foram submetidos a uma estimulação de corrente alternada transcraniana de alta-definição, na qual se utiliza uma touca elástica com elétrodos. De acordo com os investigadores, além de ser uma técnica segura para modulação não invasiva dos padrões do cérebro, a realização da estimulação só é indicada em laboratórios de pesquisa.
Um estudo anterior, realizado em 2019 pela mesma equipa, já tinha conseguido reverter o enfraquecimento da memória a curto prazo ligado à idade avançada, através de uma estimulação na parte temporal e pré-frontal do cérebro.
Desta vez, os investigadores quiseram analisar não só a memória de curto prazo, como também a de longo prazo. A investigação agora publicada teve como foco duas regiões do cérebro (lóbulo parietal inferior e córtex pré-frontal), usando uma frequência diferente de stimulação para cada. Na estimulação com a frequência mais baixa, o objetivo era que as pessoas se lembrassem das palavras do fim da lista – melhorando a memória de curto prazo. Na outra estimulação, com a frequência mais elevada, os indivíduos tinham de se lembrar das primeiras palavras da lista, melhorando a memórias de longo prazo.
Os resultados do estudo mostram que os dois tipos de memória – a de curto e a de longo prazo – dos voluntários melhoraram durante, pelo menos, um mês. Segundo a equipa de especialistas, os participantes que tinham menos capacidades cognitivas foram os mais beneficiados, ao revelar maiores proveitos ao nível da memória tanto durante a experiência, como durante um mês.
A equipa pretende, agora, perceber se esta tecnologia pode ser utilizada para estimular células cerebrais sobreviventes nas doenças de Alzheimer, esquizofrenia e no transtorno obsessivo-compulsivo.