Cruzeiros como o Freedom of The Seas da Royal Caribbean retomaram este ano a atividade, com viagens entre Miami e as Bahamas, após 15 meses parados – com mais de quatro mil passageiros a bordo.
O navio tem duas classes de passageiros – mas agora, o que determina a classe em que os viajantes se inserem é o seu estatuto de vacinação contra a Covid-19. Os passageiros vacinados, que são identificados por uma pulseira especial, têm acesso a todas as áreas do navio. Mas os não vacinados vão encontrar algumas limitações.
O navio foi o primeiro a partir do porto de Miami após o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) ter divulgado as regras para a retoma da atividade – e o primeiro a permitir passageiros não vacinados a bordo.
O CDC recomenda que pelo menos 95% dos passageiros e tripulação estejam vacinados, e é exigido o uso de máscaras em espaços fechados e distanciamento social quando passageiros não vacinados estejam a bordo.
Uma experiência diferenciada
Esta solução encontrada pelas companhias de cruzeiros de segregar os passageiros de acordo com o seu estado vacinal implica a aplicação de inúmeras restrições aos passageiros. Na Royal Caribbean, quem não apresentar o certificado de vacinação terá reservado um espaço no fundo da sala de jantar principal, e estará impedido de aceder a alguns restaurantes mais exclusivos. Espaços como bares, a discoteca, o casino, leilões de arte, a piscina e o bar cobertos estão reservados apenas a quem tenha a vacinação completa. Os não-vacinados estão ainda impedidos de frequentar eventos como festas temáticas, e só podem utilizar o ginásio durante certas horas.
O preço da viagem também aumenta para quem não estiver vacinado. Custos adicionais como testes PCR – três no total, um três dias antes da viagem, um segundo ao embarcar no cais e um terceiro no desembarque no último dia – e seguros médicos podem tornar a viagem pelo menos 200 dólares (quase 180 euros) mais cara.
Os navios não estão a operar com a capacidade total – a retoma da atividade foi feita com uma ocupação de 40%, com planos de que viesse a aumentar até ao fim do ano.
O CDC planeia manter as restrições ao funcionamento dos cruzeiros até 15 de janeiro – após essa data, as regras em vigor passarão apenas a recomendações, e o setor não planeia voltar a fechar portas apesar do surgimento de cada vez mais casos.
“Embora viajar em cruzeiros represente sempre algum risco de propagação de doenças, o CDC continua empenhado em assegurar que as viagens em cruzeiros sejam conduzidas de forma a proteger os membros da tripulação, os passageiros, o pessoal portuário, e as comunidades”, afirma o órgão num comunicado.
“Após a expiração desta prorrogação temporária no próximo ano, o CDC pretende fazer a transição para um programa voluntário”, acrescenta. “Esta transição vai continuar com medidas fortes para detetar, mitigar e controlar a propagação da Covid-19”.
De acordo com dados do CDC, esta semana, 86 navios cruzeiros em águas norte-americanas reportaram casos a bordo de infeções por Covid-19, o número mais alto desde a retoma da atividade do setor.