Do mundo das empresas, do associativismo e da economia em geral, têm sido muitas as reações à morte de Jorge Sampaio, esta manhã aos 81 anos.
António Saraiva recorda o ex-Chefe de Estado como um “português inquieto com a cidadania, com a preocupação cívica, e isso é aquilo que cada vez mais vai faltando, na minha opinião, na sociedade portuguesa”. O presidente da CIP considerou que era “preocupado com a iniciativa privada”, recordando algumas missões empresariais promovidas pelo antigo Presidente da República.
“Um cidadão de valores e de causas”, que soube reconhecer “o papel dos empresários” é como o presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP) descreve Jorge Sampaio. Luís Miguel Ribeiro destacou “aquilo que sempre foi o reconhecimento do Presidente Jorge Sampaio aos empresários e ao papel” destes, evidenciado pelas “muitas distinções” que fez “a muitos empresários nacionais”. E salientou o apoio dado pela associação à Plataforma Global para os Estudantes Sírios, causa do antigo Presidente, que a fundou em 2013. É “sempre bom recordar pessoas de causas e com o perfil de coerência, humanista e defensor dos direitos humanos”, conclui.
António Mota, chairman da Mota-Engil, destaca em comunicado a “elevada estatura moral, pensamento humanista e com uma visão desenvolvimento social para o País, referindo também o apoio dado pela empresa àquela plataforma global. “Sempre foi uma pessoa que nos transmitia a maior credibilidade nas suas ações suportada no seu empenho e numa inteligência superior no desempenho das mais altas funções, conjugada com uma sensibilidade muito própria que a todos conquistava nas preocupações que apresentava, sobretudo pelos mais desfavorecidos,” refere.
Numa publicação no Twitter, o ministro da Economia reagiu à morte de Jorge Sampaio considerando-o “um cidadão exemplar; uma inspiração permanente. Um mestre e amigo de quem me é difícil despedir,” lê-se no texto assinado por Pedro Siza Vieira.
Numa nota de pesar, a UGT considera Sampaio “uma figura incontornável da democracia, da luta pela Liberdade, do civismo, da ética e da cidadania, da tolerância e do humanismo” e diz que “Portugal tem um lugar para si no seu enorme coração com 900 anos de História. Não o esqueceremos. Por tudo o que fez pelos Portugueses, OBRIGADO”.
Manifestando “profunda consternação e pesar”, a COTEC Portugal, Associação Empresarial para a Inovação, recorda que foi Jorge Sampaio quem inspirou a criação em 2003 da COTEC Portugal e da COTEC Europa (que junta líderes empresariais portugueses, espanhóis e italianos), instâncias de debate e aproximação “de realidades nas áreas da ciência, tecnologia e inovação destes países no quadro europeu”. “O legado inspirador do Presidente Jorge Sampaio permanecerá sempre connosco,” refere a nota da instituição.
“É uma perda significativa no período democrático do país, foi um homem que desempenhou, principalmente enquanto Presidente da República, muito bem o seu papel, dignificando o nome de Portugal e, por isso, é uma perda no espectro político nacional, é uma referência que o país lamenta e, obviamente, que nos solidarizamos com a decisão do Governo de declarar luto nacional”, disse à Lusa Eduardo Oliveira e Sousa, líder da CAP.
O presidente do Grupo Fundação AIP lembrou o caráter humanista do antigo Presidente da República. “Portugal perdeu um grande homem”, afirma Rocha de Matos em nota de pesar. O dirigente diz ainda que Sampaio fica “na memória de todos os portugueses como um homem lutador pelas causas nobres e de uma visão política esclarecida sobre os caminhos para o desenvolvimento de Portugal no contexto europeu e mundial”.
Antes do 25 de Abril de 1974, Jorge Sampaio foi um dos protagonistas da crise académica do princípio dos anos 60, que gerou um longo e generalizado movimento de contestação estudantil ao Estado Novo, tendo, como advogado, defendido presos políticos durante a ditadura.
Jorge Sampaio foi secretário-geral do PS (1989-1992), presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1990-1995) e Presidente da República (1996 e 2006).
Após a passagem pela Presidência da República, foi nomeado em 2006 pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas enviado especial para a Luta contra a Tuberculose e, entre 2007 e 2013, foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações.
Atualmente presidia à Plataforma Global para os Estudantes Sírios, fundada por si em 2013 com o objetivo de contribuir para dar resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens sem acesso à educação.
O Governo estabeleceu três dias de luto nacional (11, 12 e 13 de setembro) em homenagem ao ex-Presidente da República e decretou cerimónias fúnebres de Estado.