Uma garrafa de tinto por dia. E, nas noites mais difíceis, talvez ainda fosse aos shots de medronho. Foi assim que Frederico Santos, 50 anos, conseguiu amenizar o ano em teletrabalho, com três filhos pequenos mais ou menos por casa. Como a sala se transformou no seu escritório, o final do dia laboral passou a ser assinalado na cozinha, com a abertura de uma garrafa de vinho, esvaziada até à hora de ir para a cama. Com este hábito, obviamente teve de aumentar as compras no supermercado, prestando muita atenção às promoções. “Comprava às dúzias. Sempre gostei de beber, mas nunca foi assim”, confessa, agora que deitou contas à vida e decidiu afrouxar o consumo caseiro. Para essa decisão também contribuíram a abertura das piscinas e o aumento da carga de exercício físico. Por ora, instituiu a regra de só beber ao fim de semana, com as justificadas exceções, claro, porque o prazer é imenso. “O vinho vai mesmo bem com tudo, até com abacate.”
Frederico não esteve sozinho neste tipo de comportamento, especialmente durante os meses de confinamento. “Noto que toda a gente que me rodeia passou a beber mais”, diz. Não é mera intuição – há diversos estudos nacionais e internacionais que atestam como esta tábua de salvação serviu a muitos náufragos que quase se afogaram entre as quatro paredes de suas casas.