Numa videochamada a partir de sua casa, no Colorado (Estados Unidos da América), Gitanjali Rao confessa, expressiva e gesticulando, que estava a precisar da pausa forçada pela pandemia. Durante o confinamento, não descobriu propriamente novos talentos, mas passou mais tempo a desenhar e a cozinhar. No entanto, continuou a fazer à distância os seus workshops sobre inovação. Nos últimos dois anos, as sessões contaram com a participação de mais de 30 mil estudantes. Agora, está ansiosa por regressar ao laboratório.
Criou a sua primeira invenção aos 12 anos, um dispositivo capaz de detetar partículas de chumbo na água, que lhe valeu o título de Melhor Jovem Cientista da América. Mais recentemente, desenvolveu um mecanismo que diagnostica a adição a opioides e uma aplicação que usa a Inteligência Artificial para combater o ciberbullying, do qual foi alvo, como conta à VISÃO. Estas inovações contribuíram para que fosse eleita “Criança do Ano” pela revista TIME. Também é autora de um livro que chega agora às livrarias nacionais. Curiosamente, a jovem cientista norte-americana de origem indiana lembra-se de Portugal ter sido um dos primeiros países que visitou com os pais, quando tinha 8 anos. Guia Para Jovens Inovadores (Presença) é uma espécie de manual para professores, pais e, acima de tudo, estudantes, sobre como ter ideias inovadoras e, claro, pô-las em prática. Gitanjali Rao acusa o modelo tradicional de ensino de ser demasiado focado na avaliação e defende que a escola deve ajudar a resolver os problemas das comunidades. Tal como Malala Yousafzai e Greta Thunberg, representa uma geração de ativistas femininas com muito para dizer, com os olhos postos no futuro.