Nas últimas duas semanas, a percentagem de portugueses que procuraram os estabelecimentos de saúde para agendarem consultas ficou muito próxima dos valores registados no verão: quase 80%. A investigadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (ENSP), Carla Nunes, conclui, assim, que as pessoas estão a recuperar a confiança nos serviços de saúde.
A revelação foi feita na reunião que voltou a reunir especialistas e políticos no Infarmed, em Lisboa. Carla Nunes discorreu sobre as perceções públicas em relação à evolução da pandemia e as áreas críticas em Portugal.
A diretora da ENSP defende que é preciso distinguir se as áreas analisadas são concelhos ou grupos de concelhos, se é possível discriminar os concelhos mais e menos críticos e a evolução ao longo do tempo, já que há áreas que foram as “piores” do país, mas em momentos muito precisos.
No período de 19 a 24 de abril, o sul encontrava-se numa “situação bastante grave”, numa análise que conjugava o índice transmissibilidade (o R) com o número de casos. A situação era especialmente preocupante em determinados “clusters espaciais”.
Estes clusters foram, depois, comparados com os indicadores a nível nacional. Aqueles que tiveram uma descida do número de casos mais lenta foram Figueira da Foz, Montijo, Moura e Odemira. Já os que conseguiram melhorar mais rapidamente foram Amares, Évora, Góis, Sabugal e Sardoal.
Mas contabilizar o número de casos não chega. Carla Nunes defende que é preciso incluir na análise outros critérios, como ouvir os diversos parceiros e entender o contexto local.
No que diz respeito às perceções sociais, 1 em cada 5 portugueses diz sentir-se ansioso ou triste devido às medidas de distanciamento. E regista-se uma “flexibilização dos comportamentos” em confinamento, apesar de se manter o uso da regular da máscara.
A confiança na eficácia das vacinas mantém-se “confortável”, registando-se, até, uma descida na percentagem de pessoas que não pretende tomar a vacina. Agora, são apenas 5,1% dos inquiridos. Enquanto a esmagadora maioria – 87% – pretende ser imunizada.
É na faixa etária entre os 26 e os 65 anos que mais pessoas dizem não pretender ser inoculadas, já a maior parte dos indecisos, que ainda não decidiram se vão tomar ou não, estão no grupo dos 26 aos 45 anos.