Passaram mais de 17 dias desde que o alerta soou. As ordens eram para ficar em casa. Um vírus com uma enorme capacidade de contágio andava no ar. Contas feitas, entretanto, em toda a China, somavam-se mais de 600 mortos e milhares de pessoas doentes. Na região onde fica a cidade de Dalian, no leste do país, perto da fronteira com a Coreia, registam-se perto de cem casos do novo coronavírus. “E dizem que vai aumentar bastante”, confia Tiago Reis, 41 anos, que chegou no dia 5 de Janeiro, a última viagem de regresso desde que se instalou ali há quatro anos, como treinador de futebol.
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Desde aquele dia 22 que está em casa ligado ao mundo pelo computador. Dia sim, dia não, recebe a visita da equipa de vigilância sanitária, para lhe tirar a febre. Uma ida ao supermercado implica também medir a temperatura antes de entrar. Na farmácia é igual. De resto está tudo parado – e algum regresso à normalidade só está previsto lá para março, data para que já foi adiado o regresso às aulas, depois dos festejos do Ano Novo Chinês. E ainda assim, Tiago vive cheio de cuidados: como quem diz, desinfeta tudo com álcool e lava as mãos o mais possível. “Também não podemos aproximar-nos das outras pessoas. Ficar em casa é a melhor opção”, segue o português, que vive perto do centro, onde há muitos restaurantes. Todos fechados, claro.
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“Voltar para Portugal? Para já, não queria. Mas se vir que isto fica descontrolado então vou tentar”, acrescenta Tiago, confiante no apoio regular que lhe chega da embaixada portuguesa em Pequim, ele que tem dois filhos, de 10 e 14 anos, em Portugal. Mas não deixa por isso de ter um receio que o consome, devagarinho: “não sei se depois nos deixam sair”.