Está encontrada a maior fonte das mais emissões do composto químico CFC-11 para a atmosfera, entre 2012 e 2018, apesar de o seu uso estar proibido desde 2010. Mais de duas décadas antes, em 1989, entrou em vigor o histórico Protocolo de Montreal, o primeiro a ser ratificado por todos os 197 membros das Nações Unidos e que estabeleceu como prioridade, precisamente, o fim gradual do recurso aos chamados clorofluorcarbonetos (CFC). Como o resto do mundo, a China assinou o acordo, mas uma equipa de 32 cientistas de vários países vem agora apontar o maior país asiático como o grande foco das emissões recentes.
A suspeita já havia sido lançada, no ano passado, pela ONG internacional Environmental Investigation, e é agora confirmada por cientistas, com base em informações obtidas a partir de estações de monotorização do ar no Japão e na Coreia do Sul. Os cientistas não garantem que o CFC é fabricado nas duas províncias chinesas onde foi detetado, tão-pouco se é produzido na China ou em algum país vizinho e depois transportado para a região. Do que não restam dúvidas para a equipa liderada pelo britânico Matt Rigby, da Universidade de Bristol, é que o gás é libertado para a atmosfera naqueles territórios, provavelmente em fábricas de produção de espuma de poliuretano, usada na contrução civil para manter as casas mais resistentes à temperatura exterior. Hoje, existem alternativas, mas o CFC tem a vantagem de ser mais barato e, muitas vezes, mais eficaz.
Em novembro passado, a China já tinha anunciado a detenção de “fabricantes desonestos” deste popular isolante térmico, numa tentativa de mostrar que estava a tomar medidas para lidar com o assunto, em respostas às suspeitas. Agora, os cientistas indicam que o país liderado por Xi Jinping é o responsável por 40% a 60% do aumento das emissões de CFC-11. Quanto aos outros responsáveis, acrescentam, é difícil apontá-los, uma vez que, nas regiões do globo onde existem dados disponíveis sobre emissões, nada mais foi detetado. África do Sul, Índia e América do Sul, por exemplo, são territórios vastos e pouco escrutinados a este nível.
O CFC-11, ou triclorofluormetano, é utilizado em processos de refrigeração desde os anos 30, mas só na década de 80 do século passado foi identificado pelos cientistas como um dos grandes causadores do buraco na camada de ozono. A sua concentração na atmosfera tem vindo a diminuir consideravelmente nos últimos 20 anos, mas o ritmo de queda caiu para metade com estas emissões mais recentes. As previsões estimam que a camada de Ozono, que nos protege dos raios ultravioleta, possa estar totalmente restabelecida algures entre 2050 e 2070. Este revés pode atrasar o processo em dez anos.