Marcar encontro com os amigos para conversar e beber uma cerveja ao fim de um dia de trabalho faz parte dos hábitos da sociedade. Pagar a cerveja quase ao preço do ouro é que não.
É isto que pode acontecer devido às alterações climáticas. Expliquemos melhor: o aquecimento global está a ameaçar a produção de cevada, ingrediente essencial para produzir esta bebida.
As secas e as ondas de calor, segundo preveem os cientistas, vão fazer com que, a curto prazo, haja um declínio de 17% nas colheitas de cevada na Europa, Ásia, Austrália e nos EUA – locais onde se cultiva mais este cereal. Como resultado, o preço da cerveja pode disparar, refere uma investigação publicada no Nature Plants.
E se numa esplanada ou restaurante ficar ao preço do ouro, no supermercado não andará longe disso. Segundo os cientistas, um pack de seis cervejas pode vir a custar mais de 17 euros.
O assunto até pode parecer menor, comparando com outros efeitos bem mais devastadores que as alterações climáticas podem causar, mas a parte social é importante na vida em sociedade.
“Há uma espécie de apelo cultural a esta bebida, não ter uma cerveja gelada no fim de um dia quente parece um insulto”, descreveu o coautor do estudo Steven Davis, da Universidade da Califórnia, nos EUA.
Se pensarmos que apenas 17% da cevada é usada para produzir álcool, sendo que a maior parte se destina à alimentação de animais, é fácil de prever quem estará na linha da frente quando houver menos. Não serão os humanos sequiosos, mas os animais famintos.
O professor de economia das alterações climáticas Dado Guan, que liderou esta investigação, refere que já foram tidos em conta os impactos no “café ou no vinho”, mas nunca se estudou “cuidadosamente” o embate na cerveja. “O abastecimento normal de cerveja pode ajudar à estabilidade do entretenimento e das relações sociais na sociedade.”
As perdas médias na produção de cevada, segundo o estudo, irão variar entre os 3% e os 17%, dependendo da gravidade das alterações climáticas.