Em homenagem a Galileu Galilei, que descobriu a lua Europa em 1610, a NASA deu o seu nome à sonda e à missão encarregue de recolher informação sobre Júpiter. Enquanto orbitou o planeta, entre 1995 e 2003, fez duas aproximações à Europa e recolheu enormes quantidades de informação. Foi num desses voos que deixaram a Galileo muito próximo da superfície da lua (menos de 150 quilómetros) que foram captadas marcas que a agência espacial norte-americana nunca chegou a compreender bem, como explicou à NASA TV Kivelson, professor de física espacial na Universidade da Califórnia.
Essas marcas foram agora reexaminadas e os investigadores concluíram, num estudo publicado na Nature Astronomy, que um reservatório de água em estado líquido sob a superfície da Europa pode estar a emitir nuvens de vapor de água para o seu exterior gelado.
A nova análise dos dados recolhidos em 1997 contou com novos e avançados modelos de computador para “desatar um mistério”, como descreve a NASA, em comunicado: “uma breve e localizada flexão no campo magnético que não tinha sido explicada até agora”.
Imagens anteriores de ultravioleta captadas pelo telescópio Hubble, em 2012, já sugeriam a presença dessas nuvens de vapor, mas foi esta nova análise de dados recolhidos muito mais perto da fonte que permitiu aos investigadores solidificar a presença dessas nuvens.
“Os dados estavam lá, mas precisavamos de modelos mais sofisticados para tirar sentido da observação”, explica Xianzhe Jia, físico espacial da Universidade de Michigan, EUA, principal autor do artigo agora publicado.
A ideia de mergulhar nos dados antigos foi inspirada por uma apresentação, entre cientistas, das observações do Hubble sobre a lua Europa. “Uma das localizações fez-nos lembrar alguma coisa. A Galileo tinha feito uma aproximação àquele local e era o mais próximo que alguma vez estivemos. Percebemos que tinhamos de voltar atrás”, diz Jia.
.A Galileo tinha a bordo um poderoso espctrómetro para medir as ondas de plasma causadas por partículas carregadas nos gases em torno da atmosfera da Europa e também esses dados parecem, à equipa de Jia, suportar a teoria de uma nuvem de vapor.
Os investigadores suspeitam que na origem destes “géisers” esteja a força gravitacional de Júpiter, ao exercer uma pressão sobre o oceano sob a superfície gelada da lua, fazendo com que a água seja expelida através de fendas.