Fernando Alvim, radialista, humorista, apresentador e produtor de eventos, não tem mãos a medir. Mas no “querido mês de Agosto” há coisas que não dispensa. Veja as suas sugestões para os próximos dias. Inspire-se, se tiver coragem… (Nota: Não nos responsabilizamos pelas consequências)
1. Fazer amor no Gerês
Há sítios muito bons para fazer amor, mas o Gerês afigura-se como o melhor. Talvez seja o contacto com a natureza, a quantidade de bichos que fazem barulho propositadamente para musicarem o romântico ato, por ainda não estar suficientemente explorado pela mão humana. E ainda bem. Curiosamente, nunca fiz amor no Gerês. Mas gostava.
2. Buzinar no túnel da Ribeira
O túnel da ribeira no Porto tem o sinal de proibição mais triste de sempre. “É proibido buzinar!”. Uma das tradições mais antigas, em que amigos de longa data apenas se encontravam no túnel para se buzinarem mutuamente, veem-se agora privados de tão elementar prática. Chego a fazer 600 quilómetros, só para ir buzinar ao túnel da ribeira. E faria mais, se pudesse.
3. Ir ouvir uma história ao Alentejo
Enquanto os ingleses e os alemães não descobrirem o Alentejo, estamos nós bem. Não é Olivença que é nossa, o Alentejo é que é nosso. Não há melhor experiência do que beber um copo com um alentejano e ouvir dele uma história. Os alentejanos são os melhores contadores de histórias do mundo. Só que o mundo não sabe.
4. Namorar um alemão/alemã e arranjar maneira de ser ele/ela a pagar tudo
Jantares, almoços, cinemas, hotéis, tudo. Digam que se esqueceram da carteira, usem um cartão multibanco estragado, o que for. Mas eles que paguem. Revitalizar a economia também é isto. E, sim, vingar-se é feio, mas é apenas um namorico de verão e, enfim, eles merecem.
5. Comer tremoços
Numa era de gins elaborados em rooftops e sunsets sofisticados, creio ser boa altura para voltarmos às nossas origens e voltarmos a comer tremoços dentro de água. No mar, mais precisamente. Guardem é as cascas na mão, que ser porco nunca fez parte de ser português.
6.Boicotar o hit de verão
Lutar com todas as nossas forças para que o Verão de 2015 não tenha um hit musical açambarcador, daqueles com coreografia, e que se ouvem em tudo quanto é lado que tenha pelo menos uma coluna de som. Não podemos permitir que as ‘macarenas’, as ‘Aserejés’ e as ‘Ai se eu te pego’ continuem a destruir a nossa actividade cerebral. Para isso, temos o nosso velho companheiro álcool. Portanto, se apanharem com uma cantiga bem veranil e que ameace ter coreografia a acompanhar, atirem ao chão com o que tiverem de atirar: sistemas de som, pessoas, crianças, idosos. Não poupem ninguém.
7.Invadir um campo de golfe
Arranje 22 amigos, invada um campo de golfe e faça um jogo de futebol. Levem bola e balizas também, que os clubes de golfe não costumam ter. Parece-me uma ideia vencedora. Além de haver relva bem tratada, há ainda bandeirolas de canto e, como em Agosto está tudo com saudades de bola, é provável que os responsáveis do espaço não mandem chamar um batalhão de seguranças para vos chegar a roupa ao pêlo.
8. Salvar a vida a alguém
O Verão em Portugal é um vórtice de perigos. A começar pelos chapéus-de-sol que se soltam da areia e se tornam em lanças assassinas, por exemplo. Dê por onde der, salve a vida a alguém.
9.Não urinar no mar
Pelo menos no Algarve, que a água já é suficientemente quente. Se estiver pelas praias do Norte, urine à vontade, que, por lá, torna-se muitas vezes uma questão de evitar uma hipotermia.
10. Passar por um futebolista
Vá ao aeroporto e finja que é um novo reforço do Benfica. É mais fácil do que parece. Basta trazer muita bagagem e parecer um jogador de futebol. Convém estar acompanhado por uma loura muito maquilhada e que só olhe para o telemóvel.
11. Comer cracas nos açores
Não há lugar no mundo, que tenha melhor coisa do que cracas. Mais de 50% da população portuguesa não sabe o que é, mas as cracas são uma espécie de fruto do mar, onde literalmente se sorve o fresco sabor da maresia juntamente com o molusco. E como se todo o oceano atlântico e indico e pacífico nos entrasse pela boca.
12. Ouvir música pimba com atitude purista
Há 100 bailes pimba por dia em agosto e o que é sofrível é escolher um rasca quando há tantos e bons num raio máximo de 40 quilómetros. Não ir ouvir a Ágata, a verdadeira, a que fala com anjos, para ouvir uma banda de versões com uma miúda de 16 anos a cantar “podes ficar com o carro, com a casa, mas não fiques com ela” é lamentável. O Toy, a Ruth Marlene, o Marante – o Dino Meira já morreu – são gente de bem que sabe o que faz.
13. Ir fazer praia à Praia do Torel
Escolher a Praia do Torel em plena cidade de lisboa e ser genuinamente da Caparica. Ou melhor ainda, de Albufeira. Ou da Mantarrota que agora está muito na moda. E, chegados aí, tirar uma selfie só para meter pirraça. Com a areia ao fundo e trânsito no Príncipe Real. Não consigo imaginar um cenário melhor.
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